sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Aprende que...



As pessoas não gostam quando estás em baixo. As pessoas não gostam quando não lhes serves para nada. Não querem dizer que são amigas daquela pessoa que está desempregada, que foi despedida ou preferiu despedir-se, ou que não tem sucesso, ou que está numa má fase da vida. Têm vergonha e nem querem sequer falar disso. E se falarem, é só para dizer: "Pff... aquela está na m..."
As pessoas afastam-se. Já não serves para ir a jantares, muito menos para ires para os copos. Não serves para conversar porque estás em baixo e é deprimente falar contigo. Estão fartas de ti porque tens problemas. Não serves.

Quando viveste num duplex em frente à praia, tinhas um BMW e um jipe e podias ir a festas, servias. Eras uma grande amiga! Quando tinhas um negócio ou um bom emprego, servias. Quando trabalhaste num jornal de referência, eras o máximo!

Agora que vives no mesmo T2 que compraste no início da tua vida e que em vez do BMW tens um Peugeot 106 de mil novecentos e carqueja, não serves. Agora que já não escreves para o tal jornal, já não és importante. Os 60 a 90 likes que tiveste no passado quando publicavas algo no Facebook, passaram a 5 ou 6. As mensagens privadas a meter conversa, desapareceram. Os telefonemas acabaram, os sms também. Os convites esfumaram-se.

Agora já não serves para nada. De que serve as pessoas serem tuas amigas se não podem dizer aos outros que essa amiga é importante porque tem um bom carro, uma boa casa ou um bom emprego? Não serves. Falhaste. E isso é uma vergonha para os teus "amigos". Não serves para tirar umas selfies e postar nas redes sociais, pois já não és ninguém.

Agora os amigos contam-se pelos dedos de uma mão.

Aprende. Mas aprende, que quando voltares a dar a volta (porque vais fazê-lo), essas pessoas também não vão servir para ti.




terça-feira, 1 de dezembro de 2015

O "meu" Jornal Sol e a notícia do seu fim



Quando acabei o meu curso de Jornalismo tive a oportunidade de fazer um estágio no Jornal Sol

Ia preparada para o pior. Não pelo trabalho em si, mas porque me habituei a ouvir que os estagiários tinham um tratamento... digamos que... "especial". Que ninguém lhes liga ou dá importância, que são tratados com algum desprezo, que lhes são entregues os piores trabalhos..., enfim... muito se diz acerca do mau que é ser estagiário seja onde for... e era disso que eu estava à espera. 

Com esse pensamento e com receio de que fosse mal recebida, eu própria é que mantive a distância. Com medo que me achassem intrometida, não participava muito nas conversas, evitava sempre comentar qualquer coisa e mantinha-me caladinha a maior parte do tempo. 


Depois... a questão do dinheiro...
O meu estágio não tinha direito a remuneração e as deslocações (tanto para a redacção, como para realizar entrevistas ou reportagens) eram pagas do meu bolso. 
Ora, para uma mãe de dois filhos (na altura sozinha), era complicado suportar esta situação. 
Portanto, quando na redacção me convidavam para ir lanchar ou mesmo apenas para beber um café fora, eu recusava. Não dava para suportar uma situação do "hoje pagas tu" e "hoje pago eu"...
As minhas "colegas" veteranas nunca perceberam o porquê das minhas recusas - eu sei disso. A certa altura desistiram de me convidar para o que quer que fosse e possivelmente pensaram que eu era só antipática e anti-social. Não as condeno. No lugar delas eu pensaria o mesmo, muito provavelmente.

No entanto, atenção: nunca fui maltratada, nada disso. Apenas havia uma certa distância entre mim e a maioria das pessoas (por minha culpa, realço). Não de todas. Ainda mantive contacto com algumas durante um tempo, mesmo assim.

Mas também é verdade que, este meu medo de interagir com os "colegas" não tinha só a ver com estas questões. Este meu receio também era o medo de me apegar às pessoas, sabendo que me ia custar mais o dia da despedida e era ainda um sentimento ensombrado pelo ambiente estranho que pairava no ar. 
Já naquela altura (2013) havia uma tristeza e revolta que se sentia por ali. E eu não queria estragar mais nada...

Um dia, foi-me explicado que naquela redacção, naquele piso, teriam trabalhado entre 20 a 30 pessoas. Agora estavam reduzidos a cerca de 7 ou 8, daí o monte de secretárias vazias. Eu própria estava sentada no lugar de um jornalista recentemente despedido, que volta e meia aparecia por lá e que cheguei a conhecer. Quando conhecemos as pessoas, torna-se muito mais difícil compreender uma situação destas. Ele, tal como outros, foi apenas um número. Não teve a ver com o seu profissionalismo, mas com euros. 
Mesmo para os que ficam, uma situação destas, é difícil de digerir. Quem ficou, ficou triste, revoltado e com medo, obviamente.

Ao ver tudo isto, e pelas razões que acima descrevi, o meu ânimo também começou a baixar. 

O Pedro Pinto (jornalista da TVI e meu professor) aconselhou-me (a mim e a outros alunos em estágio noutros locais) a propor continuar o estágio para lá do tempo que inicialmente estava previsto. Se eu estivesse noutra situação financeira, seria isso que tinha feito. Aliás, se pudesse, nem me importava de trabalhar ali de graça, só pelo gosto que tenho por esta profissão. Mas quem pode fazer isso nos dias de hoje? Muito pouca gente, por certo. E mesmo assim, será justo trabalhar completamente de graça?

Apesar de tudo isto, quando chegou a minha altura de sair, o Vítor Rainho, editor e sub-director, deu-me a oportunidade de ficar a colaborar com o Sol em regime de freelancer e assim aconteceu até chegar à altura em que arranjei um emprego fixo e deixei de ter tempo para continuar a fazer aquilo de que gostava, mas que não estava a ser viável (sempre os motivos financeiros).

Depois disto, a redacção do Sol deixou de ser no Chiado e passou para as instalações do I. Não achei estranho, uma vez que os maiores accionistas destes jornais são a Isabelinha Eduardo dos Santos e o seu irmão. 

O Vítor Rainho, entretanto, passou a director do I. E ontem, a propósito dos últimos acontecimentos, escreveu no Facebook: "Esta foi a edição mais difícil de fazer. Obrigado a todos que fizeram parte da minha equipa desde o primeiro dia. Jamais me esquecerei deste dia. O i continuará a sair todas as manhãs".


Custou-me ler isto. Por todos os motivos e mais alguns. Porque o Vítor é um excelente profissional, mas ainda por cima, uma excelente pessoa, com um coração enorme. É um líder nato, não é um chefe. Sabe levar as pessoas. Apesar de até dizer palavrões, não é prepotente nem malcriado. Sim, nas redacções mandam-se palavrões para o ar, mas isso não quer dizer que haja falta de respeito entre as pessoas. Às vezes pode estar alguma coisa mal, até podem soltar-se alguns gritos, mas é "Sol" de pouca dura e tudo se recompõe rapidamente depois de expostos os pontos de vista e a vida continua como dantes.


Eu, como estagiária, podia até ter sido maltratada ou enxovalhada naquela redacção, como me avisavam cá fora - não por ser aquela, mas porque se dizia que era assim em qualquer lugar. Não foi isso que aconteceu.

Eu, estagiária, participava nas reuniões semanais, como qualquer outro colega e era-me dada a oportunidade de sugerir os meus próprios trabalhos, quase sempre aceites. Aliás, uma vez levei uma 7 ou 8 sugestões e todas foram aprovadas, o que me deixou "às aranhas" com tanto trabalho para fazer.

O Vítor, quando tinha algo para me dizer, enviava-me uma mensagem - no meu caso um e-mail - a dizer: "Anda cá". Nas primeiras vezes, este "anda cá" aterrorizava-me. Mas depois o medo esvaiu-se.

O "anda cá" podia ser para me dizer qualquer coisa. E só houve uma vez que me disse: "o que é isto, Ana? Vai lá escrever o artigo de novo que isto está uma trapalhada...". Disse-o com um ar calmo e até maternal. E eu sei que ele tinha razão. Aquele artigo estava uma desgraça, porque eu não tinha gostado do tema e limitei-me a escrever sem qualquer tipo de sentimento. E isso não pode ser.

 

Voltei para a minha secretária e fiz o artigo de novo, mas agora com muito mais motivação, porque não houve prepotência, nem maus modos, nem nada. Acho que mesmo que eu não concordasse com o seu ponto de vista, ia reescrever tudo na mesma de bom grado. Porque o Vítor é assim. Sabe como liderar, ao contrário de outras pessoas que pensam que ser chefe é gritar, faltar ao respeito, ameaçar...


Fico triste com o que, ao que parece, vai ser o fim destas publicações (Sol e I) e com o que está a acontecer a estes profissionais. Mas tenho fé de que não será o fim de tudo, porque eles não merecem. Tenho fé que talvez este seja o princípio de algo de bom que estará para vir.








quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Porque pediram e porque me apetece...

A pedido de várias famílias (bem... de algumas pessoas) parece que vou voltar a escrever qualquer coisa por aqui.
Não vou fazer promessas de escrever todos os dias, uma vez por semana ou uma vez por mês. Por enquanto vou apenas voltar a escrever sempre que me apetecer. É simples.
Depois logo se vê.

Portanto, fiquem atentos e se puderem respondam a qualquer coisinha! Sempre que vos apetecer!

Próximo "post" a caminho!