sexta-feira, 25 de outubro de 2013

DEUS EXISTE MESMO???

Tenho que vos dizer que... tenho uma séria tendência para tentar explicar o que aparentemente é inexplicável. E também tento sempre ir buscar uma razão para aquela pessoa que... sei lá... que tem aquele comportamento menos bom. Até para mim faço isso. Sim, porque não sou nenhuma santa, Madre Teresa de Calcutá ou qualquer coisa do género. Eu sei que também tenho defeitos. No entanto, tento contrariá-los a cada dia que passa e arranjar uma explicação para o motivo deles, para depois os conseguir ultrapassar...
Não sei se existe Deus, o Céu e o Inferno, mas por vezes dá-me jeito que existam, quando penso no meu Pai, na minha Avó ou nalgumas pessoas que já partiram e que eu prefiro pensar que ainda estão algures por aí... de preferência no Paraíso...
Assim, volta e meia, falo com elas... e isso faz-me bem.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

VIDA NOVA, TUDO AO CONTRÁRIO!!!



Há coisas do caraças...
Quando eu ouvia por aí... a dizerem que trabalhar em casa não é fácil...hum... achei que não era bem assim... 
...Devia ser até bastante bom, gerir o nosso próprio tempo, trabalho, casa, miúdos...

Mas até agora confesso que não senti nada... 
Mas porquê? Porquê afinal?...
Cá no fundo, no fundo, quero acreditar que isto é tudo uma questão de tempo (dois tipos de tempo): 24 horas é pouco só para um dia e ainda só estou a fazer isto há 21 dias... 
Ai que vou entrar em pânico!... (Ai, ai, ai menina, menina! Que preferes então?)

O que vos digo, é que afinal de contas, isto de trabalhar em casa... de início é mesmo bastante difícil... 
... a não ser que se more em casa dos pais... ou que se tenha empregada doméstica, motorista, cozinheira, baby-sitter e dinheiro

Sim. Algum dinheiro dá sempre jeito, principalmente quando se avaria a máquina de lavar roupa. Assim "chama-se o homem" e pagamos-lhe o arranjo, deslocações, etc.! Está feito! O que interessa é ficar com o assunto resolvido e mais nada!
E depois não é preciso ir a casa da mãe para levar a roupa suja e sempre se poupa no tempo!...
O dinheiro também dá jeito para pagar a alguém que arranje o estore da sala, em vez de estarmos nós de volta daquilo uma tarde inteira... ou então, para pagar a um técnico de Tv's que trate da avaria da televisão principal da casa, em vez de estarmos a ver no youtube como é que isso se faz... e a armar-mo-nos em técnicos, até chegarmos à conclusão que a peça que faz falta é também demasiado cara para o nosso bolso nesta altura do campeonato...
Pensando bem... preciso de mais um homem... 
Olha! O marido ou o namorado da baby-sitter pode muito bem fazer a bricolage cá de casa! Ora bem!!! O que é que estavam a pensar?... mau mau!...

Voar não é para para Todos mas é Fantástico

Gente que me lê...
Estou num concurso... preciso de visualizações e de pontuação. Posso contar convosco? 

Cliquem aqui: Voar não é para para Todos mas é Fantástico


Você fala Sozinho?… Olhe que lhe faz bem…

Obrigada!


domingo, 20 de outubro de 2013

"DE RABO PARA O AR"


Já alguém vos fez andar de rabo para o ar? Lembrei-me agora... vejam bem...
Sábado à noite em casa dá nisto!

Lembro-me que uma vez ia com um amigo de mota. Era de noite, íamos em direcção a Setúbal. A estrada, a certa altura, não tinha luz. De repente ele encostou e parou na berma, muito aflito: "Anita, passei por cima de um gato!" - disse, completamente transtornado.

Eu achei aquilo estranho... afinal, íamos no mesmo veículo e eu não senti nem vi nada!?...
E perguntei-lhe: "Mas onde? Não vejo, não está gato nenhum aqui na estrada, pá! Foi impressão tua!!Vamos embora, que não se vê nada!"
Ele respondeu-me que não tinha sido ali, já tinha sido lá mais atrás - tínhamos que ir ver... 

E pronto: andámos para aí uma meia-hora à procura de um gato atropelado, às tantas da noite, escuro como breu... 
Voltámos atrás.
O meu amigo apontava a luz da mota para todos os lados, andei pela berma da estrada uns bons metros para trás e para a frente, procurei em árvores, mato, eu sei lá... 
Não havia vestígios nem de gato, nem de sangue, nem de coelhos, ratos ou afins... (podia ser outro bicho né?...).
Nada. Nadinha.

domingo, 13 de outubro de 2013

UMA PARTE DA CRISE QUE É FÁCIL DE ENTENDER...


Hoje como é domingo, lembrei-me de uma situação que me aconteceu há uns tempos, quando regressei à "base"... que é como quem diz, à minha "terra" (onde fui criada)... e à minha primeira casa. 

É assim a vida de alguns... de repente tem que se começar de novo...
De início é complicado, achamos que é mau, que o mundo está todo contra nós, mas com o passar do tempo, habituamo-nos à situação, desprendemo-nos das coisas materiais para passar a dar valor a outras não menos importantes, que têm a ver com o nosso verdadeiro bem estar.
Começamos então a dar valor a coisas que anteriormente nem pensávamos nelas, tal era a ansiedade do consumismo e do "parecer bem". 
Não é que me importasse muito com o que tinha. A estupidez é que me importava com isso, porque achava que dessa forma tinha mais amigos!!!
Quão enganada eu estava!
Foi quando comecei a perder o que tinha que vi quem realmente valia a pena, quem realmente gostava de mim pelo que sou e não pelo que tenho!

Portanto, como se costuma dizer... "nada acontece por acaso" e tenho aprendido grandes lições de vida, como esta. E agora estou bastante mais resignada e mais feliz. 
Mas isso não quer dizer que tenha parado. Muito pelo contrário. A diferença é que agora procuro fazer o que realmente gosto e quero para o resto da minha vida, em vez de pensar só na parte monetária. 
É claro que se puder juntar o útil ao agradável... será muito melhor! É a cereja no topo do bolo...

Obviamente que ninguém gosta de andar a contar trocos. Eu não gosto. Tenho que prescindir de muita coisa que envolve dinheiro, mas tenho fé que será uma fase e que se fizer aquilo que gosto, um dia pode ser que a situação melhore, porque nós só conseguimos ser bons em algo quando gostamos do que estamos a fazer, não me venham cá com tretas. Senão tudo se torna muito mais difícil e andamos, andamos, sem nunca chegar a lado nenhum...

E por falar nisso, vou então contar-vos o que interrompi no início deste texto: o que me aconteceu num domingo muito idêntico a este (foi na mesma altura do ano), aqui junto da minha casa.
Como tinha regressado há dias a esta casa, ainda não tinha tudo composto. Andava nas arrumações, os miúdos em casa dos meus pais... e distraí-me com as horas... 

Digo isto porque não me apercebi da gravidade da situação! Eram 20.30h. Comecei a ter fome e achei que o mais rápido e eficaz seria ir à rua comer uma bifana! Sim... uma bifanita, porque não?
Ai... mal eu sabia o que me esperava!!!
Mesmo em frente à minha casa, existem três cafés! São porta sim, porta não...
O primeiro estava fechado, o segundo estava a fechar (a arrumarem a esplanada, etc.) e o terceiro ainda estava aberto. Entrei nesse. 
- " Boa noite. É uma bifana sff."
- " Boa noite. Já não fazemos. Estamos a fechar!"
-" Ah que chatice, estou mesmo cheia de fome... não dá para me fazer esse favor?" (portanto, o senhor é que me estava a fazer um favor, ok? Não era eu que tinha escolhido aquele local para comer).
- " Lamento, mas já não dá."
Bem, lembrei-me que havia uma casa de petiscos a uns metros dali. Fui lá.
A mesma situação, as mesmas perguntas e as mesmas respostas...

Nesse dia, eu ainda tinha o carro que depois alguém espatifou... mas estava sem bateria!
Portanto, não dava para ir ao Fórum Almada, Rio Sul, etc., etc.
Eu só queria comer alguma coisa rápida para voltar para a minha casa que ainda não estava em condições!!! E tinha que ser perto de casa! E há mais de dez cafés, pastelarias, tascas, snack-bares ali... num curto espaço de alguns metros!

Dei mais uma volta por ali... mas estava tudo fechado.
Até que me lembrei de outro café! O da estação da Fertagus, pois então! Ali juntinho a casa! Também existiam lá outros três cafés... mas só um se mantinha aberto até mais tarde!
Lá fui eu!!!
A verdade é que ali não se servem bifanas, mas pelo menos consegui finalmente comer uma tosta mista... que me soube "que nem ginjas"!

Agora vem a minha análise da situação. (Ui.. lá vai ela começar!)
Claro que tenho que analisar isto!!! E se estiver a ser injusta com alguém... peço desde já as minhas desculpas...
Mas... lá voltamos à questão dos horários!!! Então mas quando é que os donos dos estabelecimentos de rua percebem que há pessoas que comem "fora de horas"? Num domingo, quando mais gente pára neste dormitório... fecham às 20h? Outros nem chegam a abrir?

O primeiro café de que vos falei... o que estava encerrado... estava excepcionalmente fechado naquele dia! Se não fosse isso, eu nem me
apercebia do que afinal se passava aqui à volta! 
Sim... porque ali naquele estabelecimento, acho que nunca ouvi um NÃO! Se fosse lá às 22h e pedisse uma bifana, nem havia grande conversa, a não ser a normal! "Claro vizinha, mais alguma coisa? E para beber?"
E a coisa ficava por ali mesmo... comia e voltava rapidamente para casa.

Só assim me apercebi daquilo que realmente se passa no que diz respeito aos estabelecimentos...
Eram 20.30h! Não eram 2h ou 3h da manhã, ok?
Então e fecha tudo? Então e negam comida a um cliente? Para quê? Para irem ver "A Casa dos Segredos" no conforto do lar? E será que o têm? Devem ter... visto que parece que dinheiro afinal não é problema...

Epá...desculpem lá mas não entendo... é que ainda hoje não entendo mesmo!

Depois é vê-los a queixarem-se que o negócio está fraco... que está mau... e um rol de lamentos por aí fora!
Depois dizem que não sabem como é que o "outro" da esquina consegue ainda por cima, ter empregados?
É preciso responder? Acho que não. Está à vista de todos não será?
Quando eu preciso onde é que vou? Eu e a malta toda aqui da rua e arredores? Àquele que nos serve sempre com simpatia e não nos nega nada, a não ser que não possa, mas que até nos dá outra resolução: "Não tenho bifanas, mas tenho pregos... pode ser?" ou "Não fazemos bifanas, mas se quiser uma tosta mista..."

Eu entendo por um lado, que as pessoas também têm vida... claro. Mas o que não entendi aqui, foi que quem me negou o atendimento foram os próprios donos dos estabelecimentos! É que não eram empregados cheios de pressa para ir para casa! Eram os PROPRIETÁRIOS!
E sabem quem eram as pessoas que me atenderam e me serviram a bela da tosta mista? EMPREGADAS!
E simpáticas, ainda por cima! 

E sabem qual dos três cafés aqui em frente está sempre cheio, que chega a ter pessoas de pé na esplanada? Pois... esse mesmo...O tal que nesse dia estava excepcionalmente fechado!
É de admirar? O que é que aquele café tem que os outros não têm? Fácil! Simpatia, qualidade e profissionalismo! Ali têm empregada também, mas estão lá sempre os donos. Mal se mexem lá dentro, mas também não têm mãos a medir com o trabalho! Porque será?

E porque será que os outros se queixam? É difícil entender?
Já para não falar da proprietária do café do meio que já chegou a ter o desplante de dizer a algumas pessoas: "ai agora vêm aqui? pois... o outro está fechado não é?"... o que, de facto, é uma coisa bonita de se dizer aos clientes, sem dúvida.


Nã... desculpem-me lá, mas há pessoas que não nasceram para isto... mas então, calem-se. Não se queixem nem tenham inveja de quem trabalha. Não se pode ter tudo. Não se pode ter este tipo de discursos e querer que os clientes lá voltem... e não se pode criticar aqueles que trabalham...

Desculpem-me lá, mas há coisas que são fáceis de entender...




sábado, 12 de outubro de 2013

Há pessoas... e PESSOAS... e ainda há as pessoínhas...


Sabem aquelas pessoas que mal começamos a falar com elas... parece que as conhecemos desde sempre?
Pois é... engraçado não é?... 
Aconteceu-me recentemente, mais uma vez... 
E parece que estou num sonho, porque de repente, meia dúzia de pessoas faz-me sentir isso... e isso faz com que me sinta bem, como se estivesse em casa, quando estou com elas. 
É uma sensação boa, de bem-estar...
Traz-me paz, calma e felicidade. 

Bem... ontem realmente tive uma má experiência com um tipo que foi nem mais nem menos do que um bicho pedante, desprezível, presunçoso e ignorante. Isso deu azo a que eu "desabafasse" com uma frase no Facebook. E essa história ficará para depois...
Mas algumas pessoas generosas e humanas conseguiram que eu ultrapassasse isso rapidamente. Obrigado aos que se preocuparam comigo. Não foi nada de grave, mas quando subitamente, sem conhecer o indivíduo, ele me faz mal, mesmo que só com palavras, sem razão aparente, fico perplexa. É impressionante ver que alguns seres ainda não evoluíram... bem pelo contrário... aliás, há animais muito mais cordiais!... 

Mas o que é facto, é que tenho pessoas íntegras que me acompanham e têm bom íntimo. E é a essas pessoas que tenho que dar valor... Até prova em contrário, dou sempre o benefício da dúvida... 


Opá... desculpem lá, mas às vezes também levamos com cada "unhada" de quem gostamos, que até andamos de lado!... 
Mas isso só acontece porque gostamos realmente delas não é? Caso contrário... passa-nos ao lado...

Porém, os anos fazem-nos crescer e perceber quem vale mesmo a pena e quem não merece um segundo do nosso tempo que é precioso! 

Tal como dizia ontem uma amiga minha, "não ando aqui para perder tempo". E ela deve estar no mesmo patamar do que eu: já não há pachorra, podem dizer que temos mau feitio, mas quem nos conhece sabe bem que esse é apenas o feitio que se chama "não há tempo a perder". 
Já não estamos em altura de fazer fretes, portanto quando fazemos algo, gostamos que nos respeitem e que percebam que... se estamos a fazer aquilo é porque temos todo o gosto nisso e porque deixamos de fazer outras coisas para estar ali! É porque realmente, aquela foi a nossa escolha! 

E mais uma coisa sobre pessoas "impacábeis" (como li uma vez num anúncio):
Vamos lá a falar dos funcionários públicos mais uma vez. 

Nã nã nã... não vou falar dos maus...
Hoje, ao contrário da maior parte das vezes, estive perto de pessoas que são da Função Pública e que gostam realmente do que fazem, que trabalham muitas vezes por "amor à camisola" e que são profissionais à séria.
Eles são os professores da minha antiga escola preparatória. 
Mas podiam ser da primária, da secundária, ou da faculdade. Há pessoas destas por todo o lado, mas mal se notam! (tal como já disse aqui no outro dia). Às vezes é mais fácil recordarmos a más experiências com alguns menos profissionais. 
É como ser mais fácil deitar um estabelecimento abaixo, do que levantá-lo. Para estragar o negócio bastam uns dias e para o endireitar pode demorar anos... 

Então e o que se passa com estes professores? São aqueles que têm iniciativas, que se preocupam com os alunos, que iniciam um projecto e que quando não há dinheiro... pagam do próprio bolso
Estes sim, deviam ser premiados, recordados, reconhecidos! 
O pior é que os outros que não são assim, acabam por estragar o seu próprio trabalho e o dos outros, estes que trabalham... e depois vai tudo corrido a eito... todos julgados "pela mesma bitola".

Lembro-me destes professores verdadeiros, que olhavam para nós como pessoas, que nos ajudavam mesmo fora do seu horário quando tínhamos dúvidas, que apoiavam as nossas ideias, que nos davam mérito por isso e iam em frente, quer houvesse meios ou não. 
Aconteceu... em qualquer um dos estabelecimentos de ensino que frequentei... 

Há bons e menos bons... Tal como o jogadores de futebol: uns que fazem tudo para ter a bola nos pés e que jogam... e outros que não correm e se deixam andar...  Tal como em todas as profissões... Só que há umas mais visíveis do que outras... 

Meus caros... diz um amigo meu, que as pessoas têm que ser reconhecidas pelo seu trabalho e não porque são mais bonitas, mais simpáticas, mais engraxadoras, ou mais amigas dos chefes... 

Vamos lá estimar e reconhecer quem realmente trabalha. Nesta fase em que estamos e neste país, ou ficam os melhores, ou nada vai evoluir... 


Obrigada aos bons funcionários públicos...



... e obrigada à Sandra Simões, Paulo Monteiro, Andreia Cunha, Gisela C., Sandra Esteves, Marta Gonçalves, Carlos Matias e Sandra Gouveia.

Obrigada Andreia Vantancié, César Lopes, Gonçalo Rodrigues (a ti amigo, um agradecimento especial - acho que tens noção que alteraste a minha vida por completo, não?).

Obrigada Amadeu Duarte, Fernando Duarte, Paulo Pascoal, Bruno Oliveira, Bruno Campos

Obrigada Prof. Vítor Lopes e Fernanda Lamy.

Mais recentemente... professores e outros funcionários da faculdade: obrigada à Maria Filipe, Miguel Van der Kellen, Inês Amaral, Eduarda Fernandes, Sara Gaspar, Hugo Veigas, João Santareno.

Obrigada a quem me entendeu e me tem apoiado sempre.
Todos temos defeitos e virtudes, mas o verdadeiro amigo é aquele que nos compreende e está lá... independentemente de tudo.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

O QUE SE APRENDE COM UMA MOTA


A primeira vez que andei de mota... 
Bem... quer dizer, não foi de mota (lá estou eu), foi numa acelera
Não sei se alguém se lembra, mas aqui no "deserto", mais propriamente na Cruz de Pau (o que foi? olhem é um nome melhor do que Ranholas ou Sr. Roubado, sim?). Bom, bom... 
...Pois nesta localidade havia uma loja que alugava motas e motorizadas... (nunca mais vi disso, não será um bom negócio?). 

Então um dia, o meu namorado, aliás o meu primeiro namorado, aquele primeiro amor, foi comigo alugar uma acelera para me ensinar a andar naquilo. 
Se fosse hoje, o coitado era pedófilo, porque eu tinha apenas 16 anos e ele tinha mais quatro anos do que eu... Mas ele podia alugar uma mota e eu não... e a vida é assim... 
(os meus bisavós casaram-se com 15 e 17 anos, e não houve qualquer problema e tiveram uma carrada de filhos, e tudo e tudo e tudo, entre eles a minha avó e a irmã gémea).

Até hoje mantenho a marca no joelho da minha primeira queda.
Sabem aquelas cenas (sim, aquilo são cenas) que se vêem no "Gosto Disto" e programas do género? Pois, aconteceu-me tipo... uma cena dessas... (aqui posso falar como quero... e assim pareço mais nova!).

Fomos para um local sossegado, de moradias, e lá fui eu... para dentro do mato... 
Assim que ele me disse para acelerar  eu acelerei .. só que esqueci-me de perguntar como é que se parava...  e acelerei... acelerei... até entrar por um terreno cheio de árvores e cair lá para o meio daquilo... e ele andar à minha procura no meio de ervas e arbustos...

Quer dizer, mal me tinha curado das antigas quedas dadas em miúda nas bicicletas, já me estava a estrear nas aceleras. Então mas não era para acelerar ?? E eu acelerei, ora então!!! Ninguém me disse que tinha o modo "desacelerar"... 
Bem, se calhar até me foi dito, mas eu já devia estar a entrar para o meio do "relvado"... 

Mas se pensam que isso me fez ter medo daquele tipo de veículos, desenganem-se... porque a partir daí é que quis mesmo ter um daqueles para mim! 
Demorou dois anos, mas lá convenci os meus pais. E tive aquela lá de cima... (primeira foto)
Opá, não há dúvida que o meu pai "era muito à frente". Qual era o pai, militar, com uma única filha que a ia deixar sair a partir dos 16 anos e aos 18 ter uma mota? Ok... Aqui eu já era maior... mas era uma criança... e o dinheiro era dele! 
Mas sabem uma coisa? Não me fez mal nenhum. O facto dele confiar em mim, fez-me bem. Ele apenas queria que eu fosse feliz... 

Bem, mas o que me lembro também, é que as quedas não ficaram por aí! 
Como era natural, os meus amigos da altura também tinham motas melhores e mais potentes ou motorizadas como a minha. 
Ora eu, como não conseguia pegar numa mota a sério (demasiado peso para mim), gostava de pelo menos andar nelas à pendura! E muitas vezes não havia necessidade de levarmos uma mota cada um, para cada lado que íamos!
Então aproveitei isso várias vezes, para sentir mais de perto uma mota de verdade... 

Só que havia um amigo com quem eu não gostava de fazer isso, porque ele era muito "acelera" e pisava muitas vezes o risco... portanto eu estava sempre a pedir-lhe para ir mais devagar. Não gosto cá de maluquices. Pronto, só às vezes... (xxxxxxiu.... fica só entre nós)
O problema é que ele fazia provas de "enduro", ou seja, para ele era complicado não andar de mota daquela forma... a desviar-se dos obstáculos e a fazer-me quase saltar dali para fora quando decidia andar em trilhos cheios de buracos... tenho a impressão que muitas vezes ele se esquecia que eu estava ali... não sei... é uma coisa que tenho na ideia!... e até acho que há mais rapazitos com este "síndroma"...
Resultado: cada vez que lhe gritava para ir mais devagar, ele abrandava e nós caíamos!!! E ele gritava:"Porra! Já te disse que não sei andar devagar!". E era verdade. Desisti. Rendi-me às evidências e aos arranhões e passei a confiar mais, embora continuasse a evitar ir com ele sempre que possível...

Lembro-me também duma vez que tive um "acidente". Ponho entre aspas, porque se aquilo foi um acidente, vou ali e já venho...
Mas para quem assistiu, aquilo foi um grande acidente, a avaliar pela gente que por ali apareceu! 



Eu estava parada, paradinha, à espera do momento ideal para entrar na estrada nacional, quando veio outro rapaz também de mota, do lado esquerdo, e me tocou na mão... ou seja foi uma ocorrência de mota com mota e mão na mão...
Como a velocidade a que ele ia era considerável, e porque aquilo doeu... eu caí para o chão. Ele nem isso! Ficou firme e hirto. 
Pronto: juntou-se uma série de gente à minha volta, uma gritava, outro não me deixava tirar o capacete... Gente muito prestável sem dúvida, mas os gritos não ajudavam em nada e eu só caí para o lado... não bati sequer com a cabeça no chão...
Enfim... Foi "o cabo dos trabalhos" para me desenvencilhar daquilo! 

O que aprendi também... naquela altura, é que... quem nunca conduziu uma mota, raramente se lembra que há pessoas que o fazem! É verdade! Há coisas fantásticas não há?
Raramente quem conduz um carro sabe disso, a não ser os que já passaram pela experiência... 
Portanto quem anda de mota tem que ter mais do que apenas dois olhos. Devia haver uns olhos descartáveis, ou sobresselentes, como os pneus ou as cameras de ar, não acham? Eu acho. E aqui quem está a escrever sou eu... e sou por isso, a primeira a responder!

E  ainda aprendi outra coisa: devia haver um sistema para nos tornar invisíveis quando passamos de mota por uma Brigada de Trânsito ou pela GNR. Sim, porque nunca me mandaram parar tantas vezes como naquela altura. 
Então quando eu ia para a praia, era certinho, direitinho! 

Os chenhores polichias (esta agora!... isto fica melhor assim ou com "X"?) devem ter um fetiche qualquer com motas e metorijadas... 
"Oh oh...Olha-me esta... onde é que penxa que bai a paxar as filas de trânjito?" (sim desde que me lembro de ser gente, que também me lembro das filas para a praia - mas para o lazer a margem sul sempre foi boa para todos...não é malta?). 
"Ora bámos lá mandá-la parar que é para xigar ao mesmo tempo dos outros. Coitadinhos dos que bão nos automóbeis... Bá lá ber..." (sim sim, naquele tempo eles ainda falavam todos achim sabiam?).

Portanto, é por estas e por outras que 

acho que toda a gente, a certa altura da vida, devia andar de mota

Aprendem-se imensas coisas, para além de se ficar a saber que não se deve deixar o saco tocar no tubo de escape em andamento, para não ficar sem um roupão pelo meio do caminho... 
Ah!... e que é normal o roubo de peças!... em especial o "stop" de trás... 

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

CARTAS E CARTINHAS, PAPÉIS E PAPELINHOS, PERGUNTAS E PERGUNTINHAS...


Voltando à questão que falei em "Uma Aventura no Tribunal"... houve novos desenvolvimentos... que foram... NADA!!!





Mais uma vez... continua a ver-se que bem que trabalha esta gente! Ora bem!!!
Mas agora já não sei se será só culpa do Tribunal... embora estejam mesmo empenhados em querer saber informações da minha conta bancária...





Na semana passada deparo-me com um aviso de uma carta registada na caixa do correio. Por entre os Professores "Mamadus" e "Bambolins", jornais informativos, folhetos das excursões que vendem colchões, publicidades dos supermercados, a conta da água e uma cartinha das Finanças... estava lá um aviso dos CTT. 
É verdade. Eu tinha uma carta para ir levantar... e o carteiro escreveu e muito bem, que o remetente era o Tribunal (tal, tal) e a carta que se referia ao processo nº...(tal,tal) que é aquele que ainda anda para lá às voltas há dois anos... (já deve ter cá umas náuseas...)
E se as pessoas fossem competentes... os processos resolviam-se para dar lugar a outros... e já não podiam dizer que há milhares de processos pendentes... 
Pois, mas isso também acarreta muita conversa...

Ora o que é que eu pensei?
Bem... "querem ver que é desta que tenho uma boa notícia??? Finalmente???" 
Pois, se já me fizeram tantas perguntas, pediram tantos papeis, relatórios e afins... 
"ai... querem ver que é desta? Que agora me entenderam e vão ajudar?".
Confesso que fiquei quase em êxtase... não consegui deixar de pensar mais naquilo... já me estava a ver a resolver alguns problemas... 

Mas a carta só estaria disponível para levantar no dia seguinte!!!
E eu só a pensar naquilo... e a remoer "eu não vou conseguir dormir até amanhã!... são mais de dois anos de espera!!!"
Não aguentei. Às cinco da tarde dei corda aos sapatos e fui aos CTT. Por sorte, a carta já lá estava!!! E a funcionária entregou-ma, sem alaridos nem complicações!... 
Ou seja, da parte dos CTT tudo funcionou sem alarmes, nem confusões e com eficiência. YES!!!
Eu estava toda a tremer quando recebi aquele envelope das mãos da funcionária...
Saí à pressa. Andei mais uns passos para me afastar dali e abrir o envelope.

Eis o comunicado:
"...constata-se que efectivamente, a requerente deu autorização para o (nome do Banco) prestar as informações solicitadas, pelo que não se vislumbra a resistência da aludida instituição bancária em prestar aquelas. (...) notifica-se a requerente para se dirigir ao (nome do Banco), no intuito de aí reforçar que autoriza a prestação das mencionadas informações."

É de salientar que este palavreado não é para qualquer um (e eu cortei o mais difícil) ... De certeza que há pessoas que pegam nestas cartinhas e vão pedir a sua tradução... pois como sabemos, no nosso país ainda há muita gente com dificuldades em ler todas estas palavrinhas e entendê-las... 
Não bastava: "o seu Banco não nos quer dar informações... e nós precisamos delas... como é que é? Vai lá falar com eles ou ficamos por aqui?"... claro que estou a brincar... isto também era inadmissível...




E pronto. Chegou a altura de empurrar a questão de uns para os outros: agora o problema é que uns querem ver a minha conta bancária e sei lá mais o quê... e os outros não deixam! Mesmo com uma declaração minha a dar autorização para isso!!! "Nã nã... que a gente tem que manter os nossos postos de trabalho... por isso vamos aqui trocar uma correspondência para fazer tempo... e assim estarmos cheios de coisas para fazer!". 

Hoje fui ao Banco. Explicada a situação, a funcionária diz que nunca viu algo semelhante. Não sabia o que fazer com aquilo. Ficou com cópia das cartas trocadas entre "eles" e o Tribunal e vai falar com o respectivo departamento... agora vou aguardar um telefonema... 
Tão bom não é? Parece que estamos a encomendar um produto para o cabelo... está esgotado, e portanto ligam para nós assim que chegar!!! E viva a burocracia e a falta de empenho no trabalho!!!

Portanto, isto é coisa para demorar mais uns 10 meses no mínimo, já que a resposta do banco foi enviada ao Tribunal em Janeiro deste ano e estes últimos só me "informam" disso em Outubro...
Coisa pouca... 
... e depois dizem que é tudo pelo "superior interesse dos menores"... 

E quem não vive isto, admira-se com as desgraças que acontecem: mães desesperadas que não conseguem fazer face às despesas, que ou dão de comer aos filhos e ficam na rua, ou pagam a renda de casa, água e luz e ficam sem comer... e depois disso ainda são condenadas...
Aos pais não se faz nada... é deixá-los andar... 
E assim é fácil fazer filhos... para alguns... e por isso conheço casos em que eles já vão na 3ª ou 4ª mulher e uma carrada de filhos: dois duma, três de outra, um de outra... e não dão pensão de alimentos a nenhum... é fácil e barato! Não sei é se dá milhões... mas como já vi de tudo...
Será que vivemos na Arábia Saudita e não nos demos conta? Teremos que, nós as mulheres, um dia destes sair à rua de burca e deixarmos de poder conduzir?

E assim vai este país...

Se essas mães aflitas optam por pedir na rua, levam com o mal que vem de trás... que é o de não receberem nada de ninguém, porque andam muitos a pedir que nem sequer precisam... e outros que até são malcriados, como aquele do metro (que quem lá anda conhece de certeza: o ceguinho que tem a mania que é rapper...).

Mas se elas optam por pedir ajuda onde devem fazê-lo... é isto que se vê.
Se for preciso ainda metem as crianças numa instituição alegando que a mãe não tem condições. Não se admirem...

As mães por sua vez acabam mesmo por dar em doidas, pelo desespero a que são sujeitas... porque a falta de dinheiro é mesmo muito triste... e a ajuda que é "apregoada" nunca aparece...

Ainda me lembro de uma pessoa, cujo o filho teve de ser acompanhado por uma pedopsiquiatra. Foram lá várias vezes, durante dois anos. A Doutora só falou com a criança 5 minutos na 1ª consulta. A partir daí foi "vira o disco e toca o mesmo"...  isto para os mais novos quer dizer que é como o CD só ter uma música ok?



A Sra. Doutora nunca se lembrava do que já tinha sido falado. Estava os primeiros dez minutos a olhar para as gatafunhadas que tinha escrito em papeis que pareciam de rascunho. 
Como ela própria não entendia nada da sua letra, perguntava sempre o mesmo: "onde é que ele dorme? com quem é que ele vive? onde fica a escola?"... entre outras assim do género...
A melhor foi esta: 
Mãe: "Sra. Doutora mas o problema é que ele ficou assim desde que o pai deixou de o ir ver e no entanto vive em frente à escola do filho!"
Resposta da Doutora: "ah... mas isso não é problema... também há muitos meninos que os pais falecem!"
... Não preciso dizer mais pois não?...

A rapariga começou a pensar que por serem sempre estas as perguntas e os comentários, a Doutora ou estava doida de todo, ou devia estar a preparar "alguma"... se calhar ainda lhe ia tirar o filho!!! 
E onde é que dorme... e onde que vive... e onde é que dorme... e com quem vive... 
Se calhar andou dois anos à espera que a mãe lhe dissesse: "Pronto, agora já vivemos debaixo da ponte. Está bom assim?"

Então deixou de lá ir. Ainda hoje como não tem possibilidades de pagar a um médico particular, não voltou mais a consultar ninguém. O mais engraçado é que o rapaz entretanto cresceu e até melhorou, pois sozinho e com a ajuda da mãe é que conseguiu ultrapassar a falta do pai, que nunca mais tinha visto desde a separação (porque o pai assim o quis)!!!

Enfim... desculpem-me lá... mas tudo isto, aliado a mais uma que me aconteceu há dias na escola dele, só posso concordar com uma única medida do governo. A única ok? 
Mandem esta gente incompetente para o "olho da rua"...


É que realmente há gente trabalhadora e competente na função pública, mas sabem porque é que ninguém fala nisso? Porque os incompetentes estão lá a estragar o seu próprio trabalho e o dos colegas... e assim nada funciona, como é natural. 



sexta-feira, 4 de outubro de 2013

O MEU AJUDANTE... A MINHA CONSCIÊNCIA...





Se daqui a 15 anos alguém precisar de um recepcionista, relações públicas, porteiro ou chefe controlador de horários... fica já aqui a dica que o meu AR é uma excelente escolha!!!


É ele que atende sempre os telefones de casa, leva os telemóveis que estão a tocar no caso de não estarmos atentos (só os atende se estiver devidamente autorizado), certifica-se de quem bateu à porta antes de abrir (não entra qualquer um), anota recados e está sempre atento às horas...




- "Mãe, já é uma!" - o que traduzido quer dizer que... está na hora do almoço. 
- "Mãe, já são quatro!" -  o que traduzido quer dizer que está na hora do lanche...
E por aí fora... 
Olhem que com ele não há descanso! Os horários são para cumprir!!! 
Estejamos onde estivermos o AR tem sempre a noção das horas e faz questão de me alertar a mim e aos outros de que está na hora de qualquer coisa...

Ah! E qualquer problema que tenham acerca de outras vertentes... ele também resolve. Também pode, por isso, dar um excelente secretário.


Por exemplo:
A minha TV principal "pifou" de vez. Mas o menino AR não teve qualquer atrapalhação... 
- " Mãe, vou-te ajudar..."

E o que é que fez? Foi ao Youtube e procurou o problema e a sua devida resolução... 
Depois de ver alguns vídeos, veio dizer-me:
- " Mãe, já vi o video que explica melhor como podes fazer. É só comprares umas peças... e é barato. Não vás pôr a arranjar que levam-te muito dinheiro!"
Pedi-lhe: - "Ok. Envia-me isso..."
Enviou-me o link e pronto... Depois, estivémos a abrir o aparelho... e agora faltam as tais peças e a mão-de-obra. Se eu deixar, ele também repara a TV... 

Tem 9 anos feitos há pouco...

Eu com essa idade... brincava na rua, na casa das vizinhas e fazia "espectáculos" para a família!

Os tempos mudaram... até porque as famílias também... eles agora crescem mais cedo... 



quinta-feira, 3 de outubro de 2013

A PEÇA QUE FICA PARA A HISTÓRIA


Não, hoje não me vou queixar de nada... mas lá poder, podia... porque hoje tive mais uma... mas não me apetece... fica para depois...

Agora vou apenas relatar...(calma... não esfreguem já as mãozinhas, os meninos rapazes... que aqui não há relatos de futebol, porque para isso há pessoas que o fazem bem melhor do que eu. Eu é mais bolos... e outras personagens...)

Vou contar-vos uma historieta das minhas, mas desta vez sem problemas de maior... pode ser? Embora pudesse ter dado para o torto... Vejam:

A história (sim porque vão ver que isto é algo que vai ficar para a história - a minha claro) aconteceu quando deixei quinze anos de ginástica e de dança e decidi ir para a natação. Queria experimentar algo novo, sei lá... (aquele tal desporto que depois me fazia mal ao tabaco).

Ora como eram outros tempos... eu tinha mota. Quer dizer... vamos lá a ser sinceros (ou sincera, neste caso): aquilo era uma motorizada, uma DT LC, muito jeitosa, cor-de-rosinha...

E para ir dar aos braços e às pernas dentro de água, enfim... dar movimento ao corpo todo (é o desporto mais completo não é?), deslocava-me na tal da bela motorizada. 



Um dia, quando chego à piscina, sinto que falta qualquer coisa... Eu estava muito leve! Mau!!!
É que para além da mochila, eu levava o roupão à parte, num saco daqueles de cordões... do género deste da foto. 
Ora quando olho para o dito saquinho, vejo que está vazio! 
Lá no fundo, no fundo, mas mesmo no fundo... tinha apenas... um grande buraco! Olha que bonito!!!
Aquilo, ao que parece foi o tempo todo encostado ao tubo de escape e olha... zás que lá se vai o material... neste caso a peça de vestuário...


"Olha-me esta agora! Perdi o roupão pelo caminho!"

Atenção que é de referir... que o caminho era longo, numa Estrada Nacional que sempre foi bastante movimentada. 
Quem é da Margem Sul conhece-a de certeza: a (EN10) que vem de Cacilhas... em direcção à Amora (ou vice-versa). 

Ora... faço-me novamente à estrada (hein... muito boa esta frase não?) e lá fui eu, à procura do roupão perdido... mas sem esperança...
(Dizia a minha avó: "A Esperança mora ali no prédio ao lado..." e eu respondia: "Então é a última a morrer!").

Então e querem acreditar que precisamente no local de mais movimento, estava lá o roupão? No meio da estrada. Sim senhor. 

Parei e pensei cá para comigo: "E agora? Vou buscar aquilo ou deixo ficar?"

Fiquei ali a olhar para o cenário: os carros a passarem-lhe por cima, a cor a alterar de branco para preto...
... e às tantas a deixar de se entender o que era aquela "coisa".

"Bem que se lixe. Vou buscá-lo" - pensei. 
Pois... Mas como? 
Naquela altura não havia semáforos, rotundas ou lombas daquelas que agora também são passadeiras... Nada. 
Os carros passavam a alta velocidade, apesar de estarmos dentro de uma localidade... 
(Por isso antigamente morria tanta gente nesta estrada... "mas isso agora não interessa nada", como diria alguém...).

Não foi fácil, ah não não, conseguir ir até ao meio daquela via buscar o coitadito do roupão... mas ao fim de algum tempo lá consegui... 

E não é que também consegui pôr toda a gente que passava... a olhar para mim? Eu de "rabo para o ar" a tentar apanhar o que parecia um bocado de trapo ali entre os carros... Aquilo já estava colado ao chão!

Mas até consegui mais! 

Eu... euzinha... consegui que um senhor me gritasse para sair dali, que não adiantava nada tentar mandar-me para debaixo de um carro, que tudo na vida se resolve! 
- " oh menina, saia daí por favor! deixe isso, que não presta!"

E depois? 
Tive que lhe explicar a situação, porque entretanto o apavorado pôs outra senhora a dizer que ia chamar a polícia!!! 
Uma cena digna de filme, série ou telenovela (podem escolher).

Mas olha agora!!!...  Se fosse anos mais tarde até poderia pensar nisso eventualmente... mas ali ainda era no tempo que estava sempre a rir... olha para eles!!!
E se há coisa que nunca pensei foi em "enfiar-me debaixo" de um carro! 
Primeiro, a outra pessoa ia ficar com um trauma tremendo sem culpa nenhuma, e depois tenho horror a acidentes de automóvel. E não me perguntem porquê, porque nunca tive nenhum... (mas lá que assisti a muitos, muitos mesmo, isso é verdade - pode ser trauma, sabe-se lá).

Bem, o que é certo, certinho como eu estar aqui agora, é que o roupão voltou para casa "são e salvo". Dei-lhe uma boa lavagem, ficou como novo e ainda hoje perdura. Está ali no cabide da casa de banho para quem o quiser ver...

Quer dizer, como isto não está fácil... hummmm....
Se o quiserem ver, vou ter que cobrar bilhete à entrada, que isto de ter uma peça em casa com uma história destas, com precisamente 20 anos, não é para qualquer um visualizar assim sem mais nem menos...

E se calhar vai ter que ser por marcação... 
Ah pois!!! É isso!
Porque a minha vizinha não me vai facilitar a coisa se houver aqui uma fila de gente (e está claro que haveria aqui uma fila). 

Vou ver se arranjo mais peças e transformo aqui o meu espaço num museu... depois faço conferências com estas pessoas que passaram nas histórias da minha vida! Pronto. Está feito. Nova ideia para negócio para os milhares de desempregados que por aí andam!!!


Vocês também têm peças para a história?









terça-feira, 1 de outubro de 2013

CESTO DE PAPÉIS NÃO ENTRA


Há cerca de 3 anos que regressei à minha casa. A primeira. Comprei-a quando tinha ainda 23 anos. Estávamos naquela altura... do auge!!! 

Comecei a trabalhar nas férias da escola desde os 16 anos, e depois mais a sério aos 19,  para não estar a sempre a ouvir que os meus pais é que pagavam... e tal e tal... e etc. e coiso... vocês sabem...

A verdade mesmo é que me portei mal. Era excelente aluna na primária e preparatória e na secundária não tinha problemas, mas aí já gostava de estar entre " a malta"... e porque tinha sofrido o tal do "bulling" no 6º ano, não quis continuar a ter grandes notas, mas passava com relativa facilidade.
Depois quando cheguei à Faculdade, não sei o que me deu... (ou foi um ar da minha graça, ou de parva, mesmo. Acho que foi mais a segunda... mas xiuuuuuu....)
Estupidamente não ia às aulas, fazia tudo menos estudar e vivia sozinha. Quando os meus pais chegaram do estrangeiro ficaram muito desapontados comigo. E tudo isto levava a mais histórias, mas lá estou eu a desviar-me do foco principal...


Onde quero chegar?... É que nessa altura o meu ordenado era bem acima da média. E foi difícil gerir isso no inicio. 
Na altura não tinha nada, mas mesmo nada com que me preocupar em termos de despesas. Era tudo pago pelos meus pais e eu no princípio acabava por gastar o dinheiro todo em coisas sem significado.
Ainda saí desse trabalho a certa altura e lá consegui fazer o 1º e 2º anos da faculdade. Mas já tinha o "bichinho" do dinheiro e acabei por voltar ao meu emprego. E afinal, ainda comecei a ganhar mais, porque fui promovida. 

Foi então que resolvi mudar o meu modo de vida e aproveitar o dinheiro para algo de útil: troquei de carro (o primeiro foram os meus pais que me deram, tal como a "DT LC cor-de-rosa"... Bruno) e comprei uma casa. Quer dizer... um apartamento - usado. Não quis nada que não fosse capaz de pagar (mal eu sonhava o que estaria para vir anos depois, mas ainda bem que foi assim e não me "estiquei" mais). 

Fui a um "stander" e a uma imobiliária, tudo perto de casa e do trabalho. Ah!!! O trabalho era praticamente ao lado de casa!!! Só qualidade de vida!!! (que parva... não sabia o que era isso, porque tive logo essa sorte no primeiro trabalho a sério).

Lembro-me bem que na altura me perguntaram se queria mais dinheiro no empréstimo da casa... podia pedir muito mais, se quisesse. Mas não quis. E fui comprando aquilo que precisava à medida das possibilidades e das necessidades/prioridades. À antiga.


Quando aqui cheguei pela primeira vez... de fresquinho... e novinha... uma míudinha... fui logo confrontada com: obras no prédio, pintura do exterior, telhado novo, porta nova com caixas de correio das modernas... 
Enfim... todo o dinheiro que me sobrava para além das despesas da casa serviu para duas coisas nessa altura: ou para casamentos de amigos (cheguei a ter 4 no mesmo ano), ou para as despesas do prédio. Acabaram-se as extravagâncias, jantarinhos, sapatinhos, reloginhos, etc., etc. ...

Ao que soube, estiveram à espera que alguém comprasse esta casa para começarem com as obras todas... e o prédio não era assim tão antigo! Mas tudo bem. Aceitei tudo. 

Tive que me calar quando fizeram o telhado novo e sofri horrores com o calor porque estou no último andar, mas pior do que isso, quando verifiquei que já não conseguia andar em pé dentro da minha arrecadação no sotão.  
Mas eu era a miúda. Ninguém queria saber da minha opinião para nada... e dizem... que foi mais barato...
Ora mais barato era não fazer nenhum telhado!!! Ficava aqui a assar no Verão e a tremer no Inverno... (claro que não... estou a brincar ok?).


Para agravar a situação, o ambiente que depois se desenrolou dentro da minha habitação, também não ajudou em nada. "Arranjei" um gajo que me dava cabo dos nervos, que me cobrava tudo, que a maior parte do tempo não trabalhava e que me pedia dinheiro, que me chegou a roubar todo o dinheiro que tinha no banco e eu ficar sem um tostão, era viciado no jogo, vinha bêbado para casa, passava noites fora...e outras coisas mais... enfim... 
Mas ainda hoje, eu sou a má, a arrogante e a incompreensível e maluca da Anita aos olhos de muita gente. 
Não tinha com quem falar. Como já disse, não tenho irmãos, tinha-me afastado de todos os amigos, não podia contar aos meus pais e as vezes que tentei contar à minha mãe ela nunca acreditava em mim e apoiava sim, o pai dos meus filhos. 

Mais tarde, vim a saber que lhe davam constantemente dinheiro, tabaco, pagaram-lhe a carta de condução e pagaram uma dívida que tinha a um dos patrões que teve!!! Sim, ele é que devia dinheiro ao patrão!!! Pedia-lhe dinheiro durante o mês, devia dar a desculpa que tinha um filho e depois ia de seguida para o Casino com o carro de serviço da empresa até sair de lá sem nada!!! Chegava ao fim do mês e dizia-me que o patrão não lhe pagava... Pudera!!! Ele é que já devia ao patrão!!!

A minha vida e do meu filho mais velho chegaram a estar em risco, porque ele se meteu com um agiota que lhe emprestou dinheiro para o jogo e que depois o ameaçava a ele e à família (eu e o filho). E eu sem saber de nada. 

Sim, é verdade que em certas alturas, pensei estar maluca, tal era o estado de nervos em que andava. Tudo me começou a fazer confusão e o meu sorriso foi-se... quando antes toda a gente me dizia:" parece que foste feita a rir!!!"

Este homem deu cabo de mim (homem???). 



Portanto, as discussões em casa eram feias. E por isso, depois também não tinha coragem de dizer muito acerca do prédio, porque os meus vizinhos ouviam o barulho, houve noites muito más... enfim... parecia uma casa de malucos. Com que moral ia eu dizer alguma coisa??? Apesar de pagar como os outros???
Ainda por cima, eu era miúda e a mais novinha do prédio. Para terem uma noção, tenho uma vizinha que foi minha professora. O "pessoal" não era idoso, mas ainda havia uma boa diferença de idades...

Então fui-me calando... ou se tentava dizer alguma coisa, " a dona do prédio" tratava logo de me calar. 
Sim, há sempre um "dono do prédio" já repararam? Há sempre alguém que se destaca e que quer comandar tudo. Aqui também existe. É "uma dona". 

E essa "dona", não quer um caixote do lixo no hall de entrada (para além de muitas outras coisas). Ou seja, tenho que subir as escadas, muitas vezes atafulhada de papeis que não me interessam para nada, porque Sua Excelência não quer uma porcaria dum caixote para deitarmos fora aquilo que sabemos de antemão que não nos vai interessar minimamente. Não interessa se venho carregada, o que interessa é ter que trazer o monte de papeis na mão para chegar a casa e deitar para o lixo... 

Estou farta do Professor Muamba, do Macumba, das excursões a Trás-os-Montes para venderem colchões, do "compro ouro", "faço empréstimos" ou da Igreja "não sei quê" que vai mudar por completo a minha vida, mas só se deixar lá dinheiro... 
No entanto, lá tenho de os levar a todos para casa...

Mas até me interessam ver as promoções nos supermercados!!! 
Pois... já me iam dizer, que "ah e tal, há um papelinho que se põe na caixa do correio a dizer: "PUBLICIDADE AQUI NÃO OBRIGADO!". 
Eu sei que isso existe, mas que às vezes nem assim dá resultado... e para além disso há coisas que até gosto de saber!!! Mas não todas!!!

E como é que as outras pessoas normais resolvem isto??? Têm um caixote no hall do prédio para onde deitam aquilo que não lhes interessa!!! E então??? Qual é o incómodo???
Incómodo é ir com as papeladas escadas acima e ir deixando cair papéis e papelinhos pelo caminho, apanhá-los, deixar cair sacos ou saquinhos, ou ter que pousar tudo para voltar atrás a apanhar o lixo... e depois deitar fora no caixote de casa, para depois no dia a seguir ir com aquilo tudo novamente escada abaixo para pôr no "papelão"... Ufa!!!

Mas quando se é do contra... é assim que vivemos...

A tudo o resto já faço ouvidos moucos, porque sinceramente tenho muito com que me preocupar e comprei a casa como todos os outros. Faço barulho dentro do normal, já não tenho medo de ouvir música, TV ou Rádio e já não tenho medo que os meus filhos se divirtam e riam. Sei bem as horas a que o posso fazer, portanto!!!... 
Não ultrapasso tudo o que é para além da lei, mas já não sou "a miúda". 
Aqueles que eu vi ainda crianças, são hoje adultos, uma delas faleceu, com 32 anos e houve quem não aguentasse o stress e mudasse mesmo de casa. Ainda o conseguiram antes da famosa "crise". 

E pronto... ia só falar de um simples caixote do lixo e de papéis... e acabei por escrever mais do que isso...

Mas agora fico-me por aqui, porque tenho mesmo que ir descansar. Está mesmo a apetecer-me a minha caminha e uma noite descansada. 

O pior já passou... (julgo eu).





P.S. - A "senhora dona" tem um filho de quem eu gosto muito que até tem o mesmo nome de um dos meus filhos. É totalmente "cool", não stressa, nem quer saber. Até goza com a situação... 

Se vires isto vais-te reconhecer, mas acredita que gosto de ti e contigo não quero que hajam este tipo de "cenas"... tu sabes... já to disse. Não leves a mal o que escrevi (sei que não).