Sempre que andamos mais desanimados, tentamos
refugiar-nos nalguma coisa. Não me venham cá com histórias...
Seja na família, nos
amigos, no trabalho, em crenças ou mais recentemente na internet, ou ainda em
qualquer vício menos bom (jogo, bebida, drogas, etc.), queremos arranjar um
abrigo.
Portanto, eu não sou
excepção.
Ok, tenho dois filhos lindos (pelo menos para mim), um deles
pré-adolescente já a querer "pular a cerca" e o outro armado em
"popular" por causa das namoradas. Começou com a menina que já falei
aqui, mas entretanto, ao que parece, é bastante solicitado lá na escola e ao que
sei já vai na terceira menina, no espaço de 3 meses...
Ok, tenho a minha mãe. E não é que depois da morte do meu pai ela se tornou mais
cúmplice desta (única) filha e que a nossa relação está a melhorar?
Ok, isso é bom, sim.
Mas à parte disso, para além da morte do meu
pai que me deu um valente "safanão", eu não tenho trabalho fixo. E
isso, é algo que me leva ou que nos leva a pensar demais. E depois, este
tempinho "género Londres", ao nível da meteorologia, também não ajuda
nada.
E então? Onde me vou refugiar?
Sim, na família e nos
amigos.
Mas eles não estão sempre
presentes. Cada um tem a sua vida.
E além disso, há coisas que
não posso nem devo falar com os meus filhos.
Há outras coisas que não
consigo falar com a minha mãe e mesmo com os amigos, acho que toda a gente sabe
como é: cada um é diferente e nem sempre falamos as mesmas coisas com todos
eles. Tem a ver com a proximidade, afinidade, experiências de vida e uma série
de outros factores.
Curiosamente as minhas
amigas mais chegadas não têm filhos, portanto acerca disso não as vou
massacrar. Embora fale com elas sobre os meus miúdos claro, há coisas que só
mesmo uma outra mãe vai entender.
Naturalmente também tenho
amigas e amigos com filhos e recentemente um deles até me deu alguma ajuda no
que respeita a conselhos. Acabou mesmo por me ajudar, porque as suas ideias iam
ao encontro daquilo que eu estava a pensar e foi muito bom saber que afinal, eu
não devia estar a raciocinar muito mal e que não sou a única a pensar
da mesma forma em relação à educação dos meus filhos.
Depois, certos problemas (quer dizer,
situações) com que ainda me deparo hoje por causa de situações passadas, eu só
consigo falar com outro amigo que já passou mais ou menos pelo mesmo ou com
outros que ainda estão a passar.
O velho ditado "só quem passa por elas é que sabe", é bem verdadeiro.
Claro que "quem está de fora vê
melhor", mas nem sempre as pessoas que nos rodeiam, conseguem dar-nos
pistas ou conselhos acerca de determinadas situações. Às vezes nem precisam.
Basta que nos oiçam. Mas a verdade é que quando alguém desabafa com outro
alguém, a tendência é para o "ouvinte" mandar "bitaites".
Todos nós o fazemos não é verdade?
Umas vezes acertamos,
outras não...
A vida é feita disto, mas somos sempre nós
próprios que escolhemos o nosso próprio caminho.
Eu no meu caso, posso
dizer-vos que passei por várias fases.
No início da minha vida de
adulta, não acatava conselhos de ninguém. Nada. Acho que andei cerca de 10 anos
nisto.
Foi mau? Foi.
"Nem tanto ao mar nem
tanto à terra" e alguns conselhos eu devia
ter seguido, outros... realmente não.
A certa altura, comecei a ouvir mais algumas pessoas e do 8 passei para o 80.
Passei a "dar ouvidos" a toda a gente, na esperança que finalmente
aquele fosse o caminho.
Mas entretanto, lá cheguei ao "meio termo", por isso agora oiço e
escolho. Passo um filtro nos conselhos e sigo aqueles que acho serem realmente
válidos para o meu caso.
Há uns anitos também comecei a acreditar que "nada
acontece por acaso", mesmo que na altura não estejamos a ver o
propósito de certas e determinadas coisas com que nos deparamos.
Esta é uma formula que me
leva a conseguir ultrapassar tanta e tanta situação...
Bem... começou por ser uma
fórmula, mas depois a cada passo que dava, comecei a chegar mesmo à conclusão
que aquele lema é bastante verdadeiro.
E esta conversa vem a que propósito? Vem para explicar o que me aconteceu
recentemente.
Deixei de acreditar em
qualquer tipo de Deus já há alguns anos. Deixei, pronto. Por causa daquela
velha questão: "se Deus existe, então porque me acontece tanta coisa
má?". Se não tenho inveja de ninguém, não desejo mal a ninguém porque é
que isto me acontece?
E foi preciso acontecer
muita coisa, acreditem ( para quem não está a par...).
Eu fui criada dentro dos princípios da Igreja Católica, como muitos de nós.
Não só andei na catequese e fiz a primeira comunhão, como também ia à missa
regularmente. Sentia-me bem.
Já em adulta, deixei de lá
ir durante uns tempos.
Depois, quando os problemas
maiores começaram a acontecer, tentei refugiar-me um pouco na Igreja. Passei a
lá ir mais vezes mas ao fim de algum tempo desisti novamente. Nessa altura, já
nem me sentia bem em lá ir. Já não saía de lá aliviada. E estava muito zangada
com Deus.
Passei a acreditar noutra
máxima que eu criei para mim: "Deus
somos nós". Nós é que semeamos e colhemos o que nos acontece de bom ou
de mau.
Mas até isto acabei por pôr
em causa. Nem sempre há essa justiça, foi o que pensei.
Ok. Então, como diz o Pedro Ribeiro da Rádio Comercial: "o que é que
sucede?"
Sucede que fui à missa no
fim de semana passado. O meu pai fazia anos. A minha mãe informou-me que iria
"mandar rezar uma missa" por alma do meu pai, e apesar de ela achar
que eu não iria, eu fui. Apeteceu-me. Mesmo. Deu-me vontade de lá ir. Mas na
mesma, ia um bocado "com o pé atrás". Apetecia-me lá ir mas nem sabia
bem porquê. Ainda hoje não sei.
O que sei é que voltei a
sentir-me bem por lá. Gostei. Vi muitas crianças (mesmo muitas). Gostei do que
vi e ouvi. Gostei do discurso do Padre. Eles nunca dão maus conselhos não é?
Mas alguns fazem-nos recordar certas situações da vida e acabam por nos dar
algum alento e mais força para o futuro. Se nos dermos ao trabalho de os ouvir,
a verdade é esta.
Sejam bons ou maus, ali
naquele momento, eles dão-nos palavras de conforto e também alguns conselhos
que podemos escolher acompanhar.
E no seguimento da máxima "nada acontece por acaso", o que aconteceu?
Bem... Nos últimos dois
dias, vi dois filmes. Lendo a sinopse, nada dizia acerca da mensagem implícita
neles. E afinal, a ideia subjacente nas duas películas, era nem mais nem menos,
do que a crença em Deus. Que Ele existe, que o Mal também existe e que podemos
escolher qual deles vamos acompanhar.
Ou seja... em três dias
deparei-me com esta teoria. Em cada um dos dias.
A verdade é que
inexplicavelmente estou a voltar a acreditar que tem de existir um Deus. A
diferença deu-se apenas na minha cabeça. Agora já não acredito que Deus me vai
poupar a todos os males do Mundo. Porque é mesmo assim. Afinal, o Mal também
existe não é? O que eu tenho que fazer é escolher a forma como vou lidar com
isso.
E aqui está como agora eu aproveitei aquilo que acho mais
adequado a mim:
Deus pode realmente
existir, mesmo que algo nos corra mal, mas somos nós que escolhemos contrariar,
parar ou seguir em frente, por bons ou maus caminhos. Está na nossa mão. Está
na nossa cabeça.
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