sexta-feira, 11 de abril de 2014

MIÚDOS DA NOITE


Já aqui falei
acerca dos jovens (diga-se agora... adolescentes) e do facto de não serem assim tão diferentes de nós quando tínhamos a idade deles.
Mas quando se tem que falar no oposto, tem que se falar...

Na verdade, ainda estou pasmada com aquilo a que assisti na semana passada. 

Pois muito bem, apesar de chover como se não houvesse amanhã e de outras dificuldades que não interessam para aqui, fui a um jantar com ex-colegas e faculdade. Correu tudo muito bem, acho que todos nós gostámos bastante deste convívio.

Entretanto, no final do jantar houve quem tivesse que voltar para o seu ninho e houve aqueles que preferiram continuar a noite noutro lugar. Sim, eu fui uma delas. Já que tinha a noite livre, tenho saído muito pouco e estava tudo encaminhado com os miúdos, também quis aproveitar mais uns momentos com aqueles que já passaram a ser meus verdadeiros amigos, como nunca tive. Esta é a verdade, e as verdades são para se dizerem.

Lá decidimos então ir a um bar onde quase já fazemos parte da mobília, um sítio calminho onde nos fartamos de conversar e onde somos tratados como Reis.

No entanto, pelo caminho, decidimos entrar num género de tasca ali em Santos só para beber qualquer coisita antes de nos irmos refastelar no "nosso" bar.

Pois foi mesmo aí que nos deparámos com situações das tais que eu digo que... fiquei pasmada. 
Então não é que aquilo estava cheio de miudagem tanto lá dentro, como cá fora junto da porta?
Sim, ok, até aí nada de especial. Já é habitual vermos os miúdos a saírem à noite, nada de novo.

Mas o que acabou por ter graça foi a nossa cara de abismados com aquilo que se passava ali à nossa volta. 
A miudagem entrava e saia a toda a hora e nós parvos a olhar para eles. Dei por mim a ver miúdos do género do meu filho mais velho, miúdos que não podiam ter mais do que 14, 15 anos, nem barba tinham, com aquela carinha quase de bebés, a entrarem e saírem com imperiais a todo o momento.

Depois as miúdas... pareciam que estavam com o cio... desculpem-me o termo, mas é o que encontro mais adequado.
Elas também entravam e saíam como os rapazes, mas muito mais afoitas e decididas e vestidas de uma forma que... enfim... parecia que iam para o Carnaval de Loures ou coisa do género. É que lhes ficava mal aquelas roupas tão pequeninas e ao mesmo tempo espampanantes. 
O alcool devia ter-lhes tirado o frio, pois enquanto nós estávamos cheios de roupa, com um frio de rachar, elas parecia que estavam no calor do Brasil ou de uma ilha tropical. 

Mesmo assim, até aí a coisa ainda passa, cada um veste-se como quer, e tal como já o disse aqui uma vez, não é pela roupa que conhecemos as pessoas e os miúdos são mesmo assim: estão cheios de pressa para serem "grandes" e chamarem as atenções.

O que me indignou foi mesmo o comportamento de alguns deles. Lá fora cheios de garrafas (litrosas), compradas provavelmente no Pingo Doce ou algo do género, que iam partilhando uns com o outros, e ainda iam lá dentro buscar mais bebidas. Claro está que alguns já estavam de tal maneira alcoolizados que mal se aguentavam em pé e andavam amparados pelos amigos. E isto ainda eram só umas 11h da noite.
Miúdos!!! Adolescentes!!! Menores de idade!!!

Na tasca, cheia de empregados, o trabalho era mais que muito e nunca olharam ao facto de estarem a vender álcool a crianças. A lei ali não funciona. O que interessa é vender. Sinceramente, não vou dizer onde fica ou o nome do local, porque até gosto das pessoas que lá trabalham e não estou interessada em denunciar ninguém. A verdade é que nós sabemos como está o país e portanto cada um safa-se como pode. Esta é que é a realidade. Sinceramente, compreendo os motivos de fecharem os olhos àquilo que está à vista...

Mas ainda pior foi ver a violência a que aqueles miúdos já estão habituados! 
Vi um rapazito chegar ao pé de uma miudita e a dar-lhe um empurrão que a mandou para o chão e a voltar costas como se nada fosse. A miúda, por seu lado, também se levantou como se aquilo fosse algo normal. Nem estrabuchou. Levantou-se e foi à vida dela!

Entretanto havia uma outra que entrava e saia sempre lavada em lágrimas, sabe-se lá porquê. As amigas acompanhavam-na seguiam-na e faziam com que ela estivesse sossegada lá para um canto, mas volta e meia lá ela se levantava para ir lá fora, sempre com as lágrimas na cara. 

Eu e uma amiga minha chegámos a dizer-lhe enquanto passava "Oh Leonor, não chores mais, não vale a pena", em jeito de brincadeira. 
Nós estávamos parvos com aquela azáfama da miudagem que vivia a noite como um "Vale Tudo". Uns caiam para o lado, outros choravam, outros batiam-se... enfim... parecia que estávamos a viver um filme. Aquilo parecia que estava tudo ensaiado para mostrar o que de pior há nos adolescentes. 
Só que afinal, aquilo era a realidade, era tudo verdade, não era um filme, uma série ou uma novela. Mas que podia ser... podia. 

Entre nós falou-se no facto de "como é que os pais destes miúdos os deixam fazer isto? Beber assim serem violentos e andarem vestidos(as) assim?"

Mas eu pelo meu lado, não quero acreditar que os pais saibam que isto se passa desta maneira. 
Vamos lá ver: os filhos são manipuladores e espertos nos motivos que dão aos pais para saírem. Basta dizerem que vão com os amigos tal e tal e pronto, está feito. Os pais conhecem esses amigos como miúdos bem comportados durante o dia, provavelmente até são bons alunos na escola e portanto os pais ficam descansados. E depois, vem aquela história de que "aquilo só acontece aos outros". Não imaginamos que os nossos filhos se comportem assim quando saiem à noite. 
Eu não quero acreditar que os pais saibam a verdade. E eu já me estou a ver no lugar deles um dia destes, a pensar que o meu filho vai sair e que se vai portar bem, ao contrário destes que eu vi... 

Em relação às vestes das raparigas, tenho que ter as minhas dúvidas também se os pais as vêem sair de casa daquela maneira. E aqui lembro-me bem que quando era adolescente, conhecia uma rapariga que saia de casa vestida de uma forma e depois na escada do prédio mudava de roupa. 
Não me admira nada que ainda existam miúdas que fazem este tipo de coisas. Não quero acreditar que um pai ou uma mãe consentem impávidos e serenos que uma filha se vista como se fosse fazer alterne... quase nua... mesmo em dia de temporal...
É que não quero acreditar mesmo! Não pode ser. 
Acho que os miúdos e as miúdas são é bastante espertalhuços a enganarem os pais e ponto.

Mas que me impressionou, lá isso impressionou, principalmente a violência gratuita e a normalidade com que aquilo é levado pelos adolescentes que vi.
Uma pena. 

2 comentários:

  1. Tá tudo igual Ana,nós é que olhamos com outros olhos.O efeito do álcool sp diferiu de uns para os outros.Uns choram,uns riem,uns fraquejam outros ficam estúpidos com mais ou menos agressividade. O que difere é que antes havia mais respeito,medo e receio das consequências,tínhamos medo dos nossos pais. O pior é que a provocação é a forma como se afirmam. A violência existia tb e o reflexo disso é que continuamos a ouvir histórias horríveis de homens da idade da pedra que vão dos 25 aos 40 e poucos anos em que o sentido de posse do outro permanece.Lamentavelmente,acho que grande parte da culpa é sim dos pais,e contra mim falo! Pensar que só o Amor que lhes damos,os valores que lhes transmitimos é suficiente ,não é! É sem dúvida a minha maior preocupação,e às vezes tb falho e só espero que não tenham efeitos graves.Para além de mãe,sou pessoa e por vezes posso n agir da melhor maneira por diversas razões.

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    1. Ninguém é perfeito e contra mim falo também! Não sei como vai ser com os meus filhos. A ver vamos... Mas concordo que antigamente tinhamos mais receio das consequências e não era tudo tão às claras...
      Obrigada pelo comentário!

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