quinta-feira, 24 de abril de 2014

CUIDADO COM ISSO - REGRAS E AFINS...


Hoje venho falar-vos de uma situação muito chata, que acontece constantemente por aí... e que me chateia. É que é uma coisa que me chateia!

Casos de interrupção
Sim, isso. Interromper conversas, não ouvir, só falar e ouvir-se a si próprio(a).
Epá... é que é uma coisa que me chateia. Já vos disse isso? Volto a dizer.

Engraçado engraçado... é que quem me ensinou a máxima de que "quando um burro fala, o outro baixa as orelhas", foi a minha mãe. Mas afinal, hoje em dia, ela é também uma das pessoas que me interrompe constantemente quando eu estou a falar... para contar os seus assuntos! 
O que a minha mãe me ensinou nem sempre é o que ela própria faz, mas já o outro dizia: "faz o que eu digo, não faças o que eu faço"...


Neste caso (por acaso)... de interromper conversas eu fui muito obediente e bem mandada. Primeiro ouço o que me estão a dizer e guardo o que tenho para falar quando o outro individuo se cala. 

Bem... esta conversa toda surge porque no outro dia fui a uma espécie de reunião no Centro de Emprego. O motivo agora não vem ao caso. 
Ok, vá... 
... era sobre formas de procurar emprego. 
Sim, eu gostava de ter um emprego - trabalho fixo, coisa que não tenho. Sou freelancer... portanto nunca sei muito bem quanto ganho ao certo com os meus trabalhos, tudo depende... nem sempre é igual todos os meses...
Portanto fui chamada e como bem mandada que sou (por vezes), lá fui eu ver do que se tratava.

Mas deparei-me com algo que me chateou. É que me chateou mesmo. Já disse? Volto a dizer.

Passo a explicar: 
A situação era esta: os convocados (não era só eu) deveriam estar sentados a ouvir uma técnica do Centro de Emprego a falar, algo que foi logo explicado no inicio. Quanto a mim, houve algumas coisas que achei muito básicas, como o facto de saber responder a anúncios, como fazer currículos... etc. Mas ainda há pessoas que não sabem e temos que ter calma com elas. 
No entanto, também houve informações importantes que eu pude esclarecer e tirar as minhas dúvidas. Mas isto só no final... quando todos se foram embora.



É que foi uma reunião complicada! Sabem aqueles sketches tipo Gato Fedorento onde todos têm algo para dizer? Foi assim uma espécie disso. 
A cada frase que a Sra. Técnica dizia, havia sempre alguém a mandar bitaites. A mulher nem conseguia acabar as frases - lá estava alguém que tinha sempre muito a dizer. Só que nada de produtivo. A maioria das pessoas não estavam ali para ouvir nada. Estavam lá só para reivindicar e mandar bocas. 


Foi cansativo, muito cansativo. Tão cansativo que às tantas tive que dar uma ajuda à senhora e pôr aquilo tudo na ordem. Digamos que a senhora não tinha assim... espírito de líder, era branda demais e estava amedrontada com tanto comentário. Não estava a conseguir gerir aquilo.
No final agradeceu-me pela minha ajuda. 
De nada! É que eu já não estava a aguentar aquilo, cada um a falar das suas coisinhas e a ralhar com a senhora que não tinha culpa, nem iria solucionar nada daqueles comentários que não tinham propósito nenhum a não ser chatear os outros com os seus problemas pessoais.

A cada frase, ou inicio de frase... lá estava alguém a interromper para dizer: "é é... a mim ninguém me dá trabalho porque me falta um dente...", ou " pois... ontem fui ali ao café e estavam a dizer isto e aquilo...", ou "tenho uma amiga que lhe aconteceu aquilo e acoloutro...", ou "isso não dá para mim porque frito e cozido...". 
Se estivessem numa escola, numa sala de aula, aquela gente ou ia toda para o olho da rua ou estava tudo chumbado! 
Enfim, aquela senhora técnica não conseguia acabar uma frase porque havia sempre um bitaite pelo meio. Ainda por cima devia ser algo contagioso, porque começava um a falar e os outros iam atrás por ali fora...

Fez-me lembrar algo que me aconteceu aos 18 anos quando fui tirar a carta de condução. Nesse tempo estava na moda as donas de casa irem tirar a carta, só porque sim. Depois nunca iriam conduzir, mas o que importava mesmo era saberem que tinham mais um cartão na mão ou na carteira. 
Então nessa altura, as aulas de código consistiam nisto:
- «A partir das 9h da noite os condutores não podem buzinar. Alguma coisa, devem fazer sinais de luzes» - dizia o instrutor.
- «olha olha... o meu vizinho do 3º esquerdo apita sejam nove, dez ou onze horas da noite!» - dizia uma dona de casa...
E a cada frase do instrutor... um bitaite destes. Primeiro que o homem avançasse era o cabo dos trabalhos!

Lá está: "faz o que eu digo... não o que os outros fazem"... não é? 
Ora vamos ali para aprender como são as regras ou para imitar o vizinho que não as respeita?

No Centro de Emprego, com isto tudo, no final, a Sra. Técnica teve que expor os assuntos todos à pressa, ficaram coisas por dizer porque o tempo já tinha acabado e porque se discutiram assuntos que não vinham ali ao caso. 
A "melhor" parte foi quando se perdeu quase um quarto de hora com o caso de uma cidadã que se queria ir embora. Não estava interessada naquilo e queria ir buscar o filho à escola. 

Claro que todos compreendemos que a rapariga tenha que ir buscar o filho à escola. 
O que eu não entendo é como é que ao final de uma hora num Centro de Emprego aquela pessoa se queria ir embora. Num Centro de Emprego? Mas ela mora cá em Portugal? Ao que parece mora e até é portuguesa de gema. 
Então mas ela não sabe que quando se vai ao Centro de Emprego não se sai de lá tão facilmente e rapidinho como quem vai só ali lavar as mãos e já volta? 
Não devia ter previsto e organizado a sua vida de forma a estar ali mais descansada? 
Ainda por cima, tal como eu e os outros, foi convocada para aí três semanas antes! 

A rapariga estava revoltada porque foi convocada e não tinha vida para estar ali! A receber do Fundo de Desemprego! O caso dela era esse! 
Mas ficou toda abespinhada por estar ali há uma hora, quando ainda por cima era mais uma daquelas que gostava de mandar bitaites e interromper a técnica por tudo e por nada. Depois discutiram porque lhe foi dito que indo embora poderia perder o dinheirinho do Fundo de Desemprego! 

Quer dizer, outros que estavam ali e que não recebem nada... estavam lá (mesmo indo com os seus bitaites e reivindicações), mas aquela menina, que ainda recebe alguma coisa, era muito mais importante que todos os outros e portanto tinha que se ir embora.

Então numa fase destas onde o Estado aproveita tudo para fazer cortes e retirar benefícios, esta senhora não sabe que tem obrigações e que uma delas é a de ir às convocatórias que lhe são feitas para além das apresentações quinzenais? E que quando é chamada não vai demorar 10 minutos? Nem no talho!... Quanto mais ali!!!

E lá esteve ela 15 minutos a ralhar e a barafustar... e os outros a levarem com aquilo.
Eu (sim... - moi même) tive que pôr ordem na sala para a coisa continuar porque eu não fui propriamente ali para saber que o outro tem um problema na mão, um fulano tem uma vizinha que partiu uma perna e ficou de baixa, a outra que só dizia que estava ali para dizer o que lhe apetecia (como se estivesse aqui no meu blog) ou que uma certa criatura não sabia as suas obrigações.

Então mas será que aquelas personagens não entendem que a mulher que estava ali a trabalhar não ia resolver o problema da mão, da perna, dos rins, do filho, da vizinha ou da prima daquela gente?

Bem... às tantas já não sabia se era eu e mais meia dúzia que estávamos ali deslocados e fora do contexto e os outros é que tinham razão ali a reivindicar que há patrões assim e assado, que ninguém faz nada por eles e por aí fora, ou se seria ao contrário...

E que tal, digo eu, essas pessoas que estavam a exigir um emprego à mulher tomassem a iniciativa em vez de esperarem que lhes caia um trabalho do céu, neste caso do Centro de Emprego? Não é o caso de todas, mas de algumas que acabaram por o confessar.
A senhora teve que lhes explicar que quando vamos a uma loja de tecidos não entramos lá e dizemos: 
- «Olhe, quero tecido». 
- «Mas que tipo de tecido?» 
- «Não sei». 
As pessoas também devem tomar a iniciativa e ver quais são os empregos que o Centro de Emprego tem disponíveis e então pedirem uma entrevista para aquele trabalho, que está dentro das suas habilitações, claro. Se não há o que queremos ou podemos, não se pode inventar! E era para isso que estava ali aquela senhora. Para esclarecer que há outras alternativas. Só. Ponto. Quem já sabia, melhor assim, para quem não sabia, ficava a saber. Ponto. Não há muito mais do que isto. Era chegar, ouvir e tirar dúvidas no fim. Ponto.
Só que afinal aquilo foi um debate sem ponta por onde se lhe pegue!

E não meus amigos, eu não penso como a Sra. Dra. Isabel Jonet que diz que as pessoas perdem tempo no facebook. Essa senhora não tem a noção da força que essa rede social tem, nomeadamente na procura de trabalho. Cada um é livre de procurar trabalho da forma que mais lhe convém e lhe interessa. 
Óbvio que se pode procurar trabalho de outras formas. Mas não venham agora pôr culpas no facebook, que para mim tem sido uma ferramenta muito útil. 

A situação actual é só esta: há muito mais procura de emprego do que oferta! Para um qualquer trabalho há mais de cem candidatos - para uma só vaga. E esta é que é a realidade. Termos a oportunidade de ir a uma entrevista já é um luxo!

Não é por refilarmos que alguém nos vai dar trabalho! Muito pelo contrário. Eu cá...não dava emprego a alguém que não se soubesse comportar em grupo ou que refilasse 30 vezes comigo e não me deixasse falar. Ai não não!...
Cuidado com isso...



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