terça-feira, 18 de março de 2014

O NEGÓCIO ESTÁ MAU?


Se há coisa que não entendo, uma delas é esta:

Donos de estabelecimentos antipáticos.

Juro que não entendo.
Eu já tive dois negócios próprios, com estabelecimentos abertos ao público, para além de quase sempre ter trabalhado (desde os 16 anos) em serviços de contacto directo com as pessoas.



É também por isso que se calhar sou mais exigente como cliente ou utente de um serviço.
Nuns locais tive formações específicas para isso, noutros não. Mas não era por isto que deixava de tentar fazer o meu trabalho o melhor possível, com toda a simpatia possível, mesmo que a minha vida pessoal estivesse um caos.
As outras pessoas não têm culpa dos meus problemas, não será?
Estou ali para os atender da melhor forma, consiga ou não resolver a situação de imediato. Tenho que estar disponível, comunicar e ser simpática.

É muito difícil lidar com o público. Temos que ter alguma perspicácia e perceber quem temos à frente. Não falo com uma pessoa analfabeta da mesma maneira que falo com uma pessoa letrada. E isso vê-se logo assim que a pessoa começa a falar. Não é pela vestimenta que leva. Isso são preconceitos estúpidos que ainda existem. Um homem que entra de calções e chinelos de praia num concessionário da BMW não quer dizer que vá lá só lavar as vistas e olhar para as máquinas. Esse homem pode ter muito mais poder de compra do que outro que entra de fato e gravata. Não é por aí que se vê a identidade da pessoa. Mas assim que começamos a conversar, aí sim, temos a percepção do tipo de pessoa que temos à frente e temos que adaptar o discurso àquele cidadão.

Em relação a esta história dos carros, conheço dois casos antigos dos quais nunca mais me esqueci: um igual ao que acabei de descrever, onde o vendedor ignorou o comprador de chinelos e deixou-o uma hora à espera para finalmente ser atendido e ainda assim, com desprezo; e outro caso de um amigo que disse ao avô que em tal sítio estava um carro de que gostava muito e foram lá os dois. Pelo aspecto do velhote e até o do meu amigo super simples, o vendedor também não estava muito crente naquela venda. Eis senão quando, o avô do meu amigo pergunta o valor do carro. O vendedor disse o valor quase a medo, mas logo de seguida apresentou solução para o pagamento: um crédito. 
E diz o avôzinho: «mas qual crédito? Eu não preciso disso!» e abre o casaco, tira um maço de notas, começa a contá-las e faz o negócio ali mesmo, para espanto do rapazito das vendas.

Nunca se devem julgar as pessoas pela aparência e todas merecem ser tratadas da mesma forma. Lição nº 1.

Mas o que me põe mesmo quase fora de mim, são os donos de estabelecimentos que tratam mal os clientes! Isso é que acho inadmissível!!!
Como é que pode ser? Para que têm  então um negócio se não têm jeito ou não gostam de ali estar? 
Ou a vida está a correr-lhes mal? Têm dívidas?
E então? Acham que é a tratar mal as pessoas que o negócio vai prosperar e melhorar a situação?
Santa paciência!

Aqui próximo da minha casa tenho exemplos de gente muito boa, que sabe gerir um negócio de atendimento ao público, mas há outros... que francamente... acho que apenas se valem da localização, que é boa... senão a esta hora já estariam a milhas daqui, com as lojinhas fechadas a sete chaves. 
Mesmo assim, nota-se a diferença do número de clientes de uns para os outros, dos bons para os maus. E é mesmo muito nítido. Os antipáticos ainda não fecharam portas pela localização como já disse, e porque com certeza têm valores de rendas muito baixos. Caso contrário já tinham ido com os pombos... (ok, porcos).

Há ali uma senhora que tem um café, mas que caso veja alguém a ir ao café do lado, pronto. Está feito. Nem vale a pena lá pôr os presuntos que ela vai-nos tratar com sete pedras na mão, ou até mais do que sete... 
Desde a antipatia, às bocas, até ao afirmar que não tem nada, seja o produto que pedimos ou até mesmo não ter trocos, tudo serve para aquela senhora afugentar clientes. Portanto tem meia dúzia de velhotes que lhe são fiéis e os outros que aparecem por acaso, uma vez que passam ali e escolhem por acaso aquele estabelecimento.

Depois, não sei se ela pegou o vírus ao senhor da loja quase ao lado, que é outro com quem não vale a pena falar. Está sempre mal-disposto e ai de quem ponha a mão seja onde for. Diz logo com ar arrogante e de raiva: não mexa aí. Não mexa aí. Não mexa aí. Até o cliente se fartar e ir embora. Depois diz que tira fotocópias, mas se lá vamos com essa intenção o homem fica possesso!

Seja um, seja outro, são proprietários desses estabelecimentos. E como donos que são daquelas lojas, não entendo como eles próprios podem ter estas atitudes! Nada. Não entendo nadinha.

Ainda dou o benefício da dúvida quando isto acontece com empregados. Muitos por vezes estão chateados com os patrões e depois vingam-se com atitudes menos próprias.
Epá... até dou um desconto nestes casos, embora continue a não achar correcto.

Mas na segunda loja de que falei, por exemplo, há empregados e estes são bem mais prestáveis e simpáticos do que o patrão. Temos é que os apanhar sozinhos na loja, caso contrário o patrão mete-se em todos os assuntos, de forma arrogante e a contrariar tudo. Só vos digo: horrível.

E isto acontece noutros sítios com mais frequência que seria de esperar.

Ainda tenho mais exemplos:


  • A minha mãe foi a uma loja "dos trezentos" procurar um tapete para a porta de entrada. Como não o encontrou nas prateleiras, foi perguntar à senhora, que é a dona da loja, se tinha desses tapetes, não fosse ela ter visto mal, ou houvesse por acaso em armazém. Resposta da proprietária: «pois pois, eu sei bem, conheço muita gente como você que vêm aqui passear e depois quando se vão embora perguntam pelas coisas que não temos».

Acham isto normal? Eu não acho.


  • Entrei num café que tinha um letreiro a dizer que tinha uma série de petiscos, entre eles bifanas. Entrei muito antes da hora de fecho e pedi uma. O homem, dono do café, estava a limpar o balcão e responde-me: «agora? Agora já não vou sujar isto para fazer uma bifana».   Portanto... tenho a impressão que o senhor gosta de dizer por aí que tem um café, snack-bar, mas vender que é bom... não lhe apetece. A mim também não me apetece lá voltar...



  • Ia com a minha mãe a um local e para fazermos tempo antes de tratarmos de um assunto pessoal, entrámos numa pastelaria. Sentámo-nos a uma mesa e esperámos.  Éramos as únicas clientes (o que achei estranho). Começámos a conversar, até que passados uns 20 minutos nos apercebemos que ninguém nos vinha atender. A rapariga, desta vez, não sei se era empregada ou dona, esteve durante esses 20 minutos atrás do balcão, com a cabeça apoiada na mão e a olhar para nós. Quando lhe perguntámos se não nos ia atender, respondeu: «não servimos às mesas».


Agora pergunto eu: para além da tal da crise... será que a culpa dos negócios não correrem bem é só da troika?



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