segunda-feira, 17 de março de 2014

OS 8 MAL-ENTENDIDOS



Se há coisa que me irrita solenemente é o facto das pessoas não me compreenderem. 
Mas porque é que as pessoas têm tanta dificuldade em perceber os outros?
Porque não estão no lugar deles... na pele deles?


Em miúda, levei com uma "ensaboadela" tão grande de moralidades e afins, que houve uma delas que me entrou mesmo nesta cabecinha: "não faças aos outros o que não gostas que te façam a ti"
Então vai daí... eu fui buscar uma outra teoria para a minha vida que é pensar como será que se sentem os outros? 
Naquela situação... se eu fizer isto ou aquilo... como se vai sentir a outra pessoa? 
E é claro que esta teoria serve para tudo, para o bom e para o mau. Não é ser boazinha. É pôr-me no lugar dos outros. Obviamente que nem toda a gente pensa, age ou sente de maneira igual, mas há muitas semelhanças e podemos deduzir ou intuir muitos dos sentimentos dos outros. 

Portanto, se eu quero agradar a alguém tento agir de forma a que essa pessoa se sinta agradada. 
Se não quero ofender alguém, tenho cuidado com algumas palavras ou atitudes... e por aí fora. 

O contrário também se aplica. 
Se a minha vizinha bate com seis pancadas na minha parede às 3h da manhã e acorda o meu filho mais velho (porque o outro tem o sono mais pesado), só porque a criatura da casa ao lado devia estar a sonhar com alguma betoneira e achou que a máquina estava em minha casa (ou porque lhe apeteceu) ... das duas uma: ou lhe faço igual e bato na parede e ficamos ali a praticar código Morse, ou grito-lhe para bater antes com a cabeça, ou escrevo-lhe um bilhete porque é o mais indicado para aquela hora. 
Mesmo assim, no bilhete que lhe escrevo, tenho um certo cuidado para ela não me vir bater à porta  ou pior... ou querer-me bater, como já aconteceu. Já lhe conheço o mau feitio, o que a pode fazer pegar no chinelo ou então... o que lhe pode fazer ver que não admito tais atitudes... mas sem ela ter que agarrar nas socas. Ao que parece surtiu efeito, porque já passei por ela e nada me disse, o que já não é nada mau.

Mas enfim, a minha teoria e um dos lemas de vida que tenho é este de me colocar no lugar dos outros e escolher o meu comportamento, acções e pensamentos mediante cada pessoa com que me deparo. 

Por isso também, por exemplo, no tempo das vacas gordas eu fazia horas extraordinárias nas compras de Natal ou de aniversários. Não queria oferecer por oferecer, mas sim dar aquilo que tivesse algum significado para cada uma das pessoas. Era uma trabalheira. 
Ao menos agora já não posso fazer isso. Seguem as prendas na mesma , para menos pessoas, claro, mas de valores muito diferentes dos de antigamente, mais fáceis de encontrar... ou muitos dos presentes até são feitos por mim. Também dá algum trabalho, mas sinto-me melhor agora. A intenção é a mesma, mas o trabalho e a azáfama é que é diferente. Mais calma.

É por todas estas coisas que me transcende o facto de outras pessoas não fazerem o mesmo que eu, ou não pensarem como eu. 
(como é que um pai que teve tudo e continua a ter, não quer saber dos seus filhos para nada? como é que não se coloca no lugar deles, por exemplo?)

Mas não somos todos iguais não é? Uns são mais iguais do que outros, não me venham cá com histórias, mas aqui não estamos a falar de status ou de raça, ou coisa que o valha. 
Surgem então as afinidades entre uns ou outros.
Mas as afinidades, as semelhanças que vemos nos outros e com os quais acabamos por conviver e ser amigos, não são todas as mesmas. Podemos ser amigos de alguém porque gostamos ambos do mesmo desporto, do mesmo clube, da mesma religião, de dançar, porque somos colegas, porque somos casados, solteiros, pais, mães... etc. etc. e tal...

Por isso é que quando surgem as diferenças, a grande maioria das pessoas não se entende! Até podem não dizer nada umas às outras, mas são capazes de comentar com os de fora: «já viste? pfff... ele(a) faz aquilo assim... ou... vai para ali, para acolá, não faz isto ou aquilo...»
Conclusão: afinal não se entendem em tudo e muita das vezes nem tentam, preferem apenas fazer julgamentos. É mais fácil. 
As pessoas não têm que concordar com a vida dos outros, mas pelo menos fazer um esforço pequenino para entender e
aceitar, excepto no caso do pai dos meus filhos e outros tão ou mais graves, que por muito que pensemos, não conseguimos chegar lá... 

Depois há a minha pessoa. 
Pois esta pessoa que sou eu, sente que muitas vezes é julgada e muitas vezes não é compreendida.
Acho que não serei a única, mas eu falo, claro está, do meu caso em concreto, pelo menos desta vez.

Ora vamos lá ver, vou fazer uma lista de situações reais e actuais e depois à frente menciono o que os outros deduzem disso:

  1. Estou desempregada => não tem nada para fazer, tem tempo para tudo
  2. Faço artigos de imprensa como freelancer e escrevo-os em casa = fácil, quem me dera, tem tempo para tudo
  3. Tenho pouca disponibilidade financeira => tá bem, tá bem, quando se quer arranja-se dinheiro para tudo (pois... deve cair das árvores...)
  4. Sou mãe solteira => e então? eu sou casada mas o meu marido não ajuda em nada! (será mesmo?)
  5. Tenho dois filhos => pfff... mas já não são bebés...esses é que dão trabalho
  6. O pai deles não ajuda => ao menos não tens que o aturar e decides tudo sozinha
  7. Não tenho irmãos => que bom! quem me dera!
  8. Só tenho a minha mãe, mais nenhuma família por perto => melhor ainda, assim ela ajuda-te só a ti e as atenções são todas para a tua pessoa!
Pois é... pois é... não é nada disto, julgar é fácil e não estar no lugar dos outros é mais fácil ainda. Compreender dá muito trabalho. 

Atenção: não me estou para aqui a fazer de coitadinha, ah e tal... que a minha vida é uma desgraça. Tenho muitas outras coisas que são vantagens que também muitos outros não têm. 

Mas hoje falo só sobre o que me condiciona na vida, mas que raramente é compreendido.

Assim, acontece muitas muitas vezes algumas pessoas pensarem que eu estou sempre disponível seja para o que for, pelos motivos e julgamentos que disse acima. E isso é um erro. E chateia-me.

Por outro lado, também me alegra, porque quer dizer que independentemente de tudo, há muitas pessoas que gostam da minha companhia e que me convidam para muitas coisas. E claro que isso é bom e sobe-me a auto-estima. 
O que me entristece é ter que explicar sempre as mesmas coisas milhares de vezes, pior ainda quando as digo às mesmas pessoas repetidamente.
Eu só peço que se ponham no meu lugar, por um bocadinho. Cinco minutos já é bom. 

Quando peço para me avisarem de algo com antecedência... uma saída, um evento ou jantar de amigos, é porque não tenho o tempo livre que se pensa e tenho dois filhos que não são descartáveis. Nem a minha mãe é minha empregada, nem a casa dela é um depósito onde deixo os miúdos de repente, porque alguém me diz: «estás convidada para jantar hoje, a que horas te vou buscar?» (uma ou duas horas antes da hora da janta).

Não é assim. Comigo não pode funcionar assim. Só isso. E preciso que me entendam, porque se há uma coisa que não escondo de ninguém, é esta minha realidade e a minha situação actual.

Não posso deixar que uma "amiga" que só porque ganhou o euromilhões me queira levar a uma festa e que quer que eu diga para eu inventar aquilo que não sou: «és minha secretária, não vais dizer que estás desempregada, não te ponhas com essas histórias». 
Quer dizer, para além de mentir, que é algo que detesto e em que sou muito fraquinha, ainda estou condenada a não ter contactos com pessoas que se calhar até me poderiam ajudar na parte profissional.
Nã... Não posso.

Não quero isto, mas quero que as pessoas se continuem a lembrar de mim e a poderem convidar-me para o que for, desde que percebam que eu não posso ir ali e já venho, como se não tivesse mais nada com que me preocupar. 

Obrigada por existirem todos aqueles que gostam de mim e me fazem bem e que gostam da minha companhia. Só vos peço que entendam isto.
É só mesmo isto, sim?
Quando pensarem em mim, pensem na palavra: antecedência - a maior possível... para eu poder organizar-me, comparecer e não falhar. 
Era isto.




  

Sem comentários:

Enviar um comentário