quarta-feira, 14 de maio de 2014

CIDADÃOS INCAUTOS E CRIATURAS BURLONAS


Convém alertar as pessoas que têm contabilistas ao seu serviço para certas e determinadas situações. 
Cuidado. Muito cuidado!
É óbvio que há bons e maus profissionais por todo o lado, mas o que vou contar não aconteceu só comigo, já aconteceu com outras pessoas e outros contabilistas.

E perguntam vocês: então o que é que aconteceu para, a uma hora destas, falares em contabilistas?
E eu respondo: aconteceu-me que fui roubada.


Sim, a palavra é mesmo ROUBADA.

Há uns anos contratei uma contabilista na altura em que abri o meu negócio. Ela foi um dos motivos porque as coisas começaram a correr mal numa altura que até estavam a correr bem.

Era uma senhora que me foi trazida pelo meu primeiro sócio, um moço que se pisgou ao fim de três meses. Fraquinho.

Ora essa senhora contabilista, na casa dos 60 anos, era de Lisboa e eu nunca soube onde ela tinha o seu escritório. Era ela que se deslocava ao meu estabelecimento e eu entregava-lhe tudo ali. Como era da confiança do meu sócio, confiei também. 
Mesmo depois da saída dele, continuei a trabalhar com ela.

Ora passado um ano, a senhora deixou de aparecer. 
De início não liguei muito à situação, mas depois comecei a achar que algo se podia ter passado com a mulher (coitada - achava eu). 
Andei durante algum tempo (bastante) a ligar-lhe. Não havia telefone da empresa dela, só um número de telemóvel. 
Quando consegui que me atendesse, meses depois, ela disse-me que tinha andado muito doente e ainda estava assim no momento. Então combinámos que era melhor o nosso contrato acabar por ali e eu arranjar outra pessoa. 

Passados mais uns meses, recebo uma notícia do banco: «A., tem a conta da sua empresa penhorada». 
Fiquei estupefacta. 
- «Então mas porquê?», perguntei.
- «Olhe não sei, mas é com a Segurança Social e se quiser tenho aqui o número do processo».


Fiquei com o número e dirigi-me ao serviço respectivo, onde estava o processo e fiquei a saber que a minha empresa estava a dever 7.000€, já com juros e custas e o diabo a quatro.
Fiquei então a saber também que o dinheiro que eu dava à contabilista para efectuar os pagamentos nunca entrou na Segurança Social. 
Fiquei depois também a perceber a razão pela qual ela tinha desaparecido uns meses antes! Porque sabia os "timmings" das penhoras e calculou que ao fim de um ano eu já teria recebido essa informação. Por isso deixou de comparecer ao nosso encontro mensal e deixou de me atender o telefone. Afinal demorou ano e meio.
Resultado: tive que pagar aquele montante à Seg. Social todo de uma vez, para me desbloquear uma série de situações e abri um processo no Tribunal para resolver a questão com a contabilista.

Só ao fim de quatro anos me voltaram a chamar para prestar declarações. Ora ao fim de quatro anos há coisas de que já não nos recordamos, pormenores que nos perguntam e que já não sabemos responder com exactidão. Datas, momentos, conversas, etc.

Há pouco tempo recebi um relatório do Tribunal: o processo foi arquivado. Se eu o quiser reabrir vou ter de pagar 200€ e ainda um advogado. E neste momento, não posso. Muita coisa mudou entretanto na minha vida e nem tudo foi para melhor...

Assim, vou ficar a "arder" com o dinheiro que deveria ser meu. 
As testemunhas também não ajudaram em nada, inclusive o meu ex-sócio que disse que não tinha conhecimento de nada, nem da contabilista!!!

Ela, por seu lado, não prestou declarações. A senhora sabida já estava ao corrente do que podia ou não fazer num processo como este. Assim, safou-se depois de me roubar. 

A mim, pelo meu lado, ninguém me dá nada e a situação é esta: pago e não bufo. Seja no que for.

Eu já tinha ouvido falar numa situação igual a esta, mesmo antes de ter a empresa. Mas como muitas outras pessoas, eu pensei que a mim não iria acontecer nada disto.
Afinal... aqui está o resultado de confiar demasiado nalgumas criaturas.

E agora aqui estou eu a contar-vos esta história, porque sei que há mais casos destes e porque quero alertar aqueles mais incautos para este tipo de situação. 

Nunca confiar demasiado. Andar sempre em cima. Saber tudo. Não deixar tudo em mãos alheias, mesmo que seja um profissional a quem contamos a história da nossa vida. Não é por isso que não nos passam a perna...

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