segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

VAI UMA ALTERAÇÃOZINHA?




Hoje vou falar de luz.
Ou melhor... de electricidade (não vá alguém fazer aquele trocadilho do "dar à luz").


Então o que é que acontece?
Acontece que... em Dezembro passado apareceu à minha porta um rapazito.
Só que não era um rapazito qualquer. 
Eu não sei o que se passa com as pessoas, mas agora que estou mais em casa constato que tenho uma média de uma/duas pessoas a baterem-me à porta todos os dias. E quando há cartas registadas são três. É mais o carteiro. Só que não bate à porta duas vezes. Toca uma vez lá de baixo e se não me despacho ele vai-se embora que é um tirinho.



Agora, para além do carteiro, dos comerciais da Vodafone, dos comerciais da Meo, dos comerciais da Zon, dos comerciais da Cabovisão, que parece que se multiplicam..., também já existe a malta das energias e até de seguros. Todos os dias nascem novos. As testemunhas de Jeová desistiram. Agora só na rua e eu estou sempre com muita pressa, ou então já sou. 
Eu tenho tantos folhetos iguais com nomes e contactos diferentes das operadoras de TV, que não percebo aquela organização de equipas - são milhares e devem fazer apostas a ver quem ganha o 4ºD do nº 33. Só pode.
Agora vão começar os outros dos seguros e das energias e sabe-se lá mais o quê. De certezinha. 


Por este andar, qualquer dia mais vale deixar a porta aberta. 
Eu sento-me no sofá e vou chamando as senhas que estão na entrada. Quem não tirar senha não é atendido. E quem não está estivesse. Só tem uma oportunidade e não há cá senhas de tolerância. Organizem-se! 
Mai nada!
Ao fim do dia faço o relatório e envio para as empresas para quem trabalhei e no fim do mês pagam-me o ordenado.

Então que sucedeu? 
Lá apareceu o rapazito que não era um qualquer, como já disse. 
Era um rapazito muito humilde, muito simpaticozinho e com um problema na fala (??? - um comercial ???).

Pela segunda vez na minha vida, lá ouvi o moço a apresentar o seu serviço até ao fim. Estava bem disposta e com tempo.
E pela segunda vez tive pena da pessoa. 
Na primeira, como eu já tinha o serviço, dei o contacto da minha mãe que ficou mais mal servida que um utente da Segurança Social.

E pensei acerca deste segundo rapazito: "esta pessoa não está bem!". 
Então voltei a pensar: "coitada da pessoa, deixa-me lá aderir a isto que até me interessa e escuso de andar depois a ir às lojas. Fica já resolvido e a pessoa ganha mais qualquer coisa ao fim do mês, coitada."
Eu já sei que não é assim que se faz negócio... mas o que é que querem?...
Já não vai haver terceira, claro está.


Pois qual não foi a minha surpresa quando o rapazito começa a preencher os papeis e vejo que não percebe nada sobre electricidade. Não sabe nada. Só sabe preencher nome, morada e contribuinte. Não está mau, não senhor...
Disse-me que estava a começar... que ainda não tinha prática. Deu para ver. E muito bem. 
Como já trabalhei na EDP, comecei a explicar-lhe algumas bases. Ele agradeceu, mas entrou-lhe a 100 e saiu a 200. O rapaz queria era despachar-se. A tabela de objectivos deles deve ser mesmo pesada!

Mas o moçoilo não se ficou por ali. Queria também que eu fizesse novo contrato para o gás natural. Achei estranho porque não pretendia que eu fizesse tudo com a EDP. O gás era na Gold Energy. 
Bem... assim como assim já nem trabalho na Galp, portanto tudo bem. Caso fosse associada da DECO o desconto ainda era maior. 
Muito bem. Vamos a isso!


Mas se a pessoa não percebia de electricidade, ainda menos percebia de gás. 
Também lhe tentei dar uma pequena formação. Mas foi o mesmo. Depois da aula pediu-me para lhe dar uma factura do gás para a sua pessoa levar. 
Bom, aí já foi demais. 
- «Quer levar uma factura? Está a brincar comigo não está?... brincadeirinhaaa!!!» - e ri-me.
- «Não. É para eu depois preencher os dados com a minha chefe!». - disse ele todo sorridente.
- «Pois olhe, isso é que não vai levar. As facturas são minhas e o senhor não as pode levar. Portanto, preencha o contrato, que se quiser eu ajudo-o» - disse-lhe eu.
- «Não é preciso. Deixe, então eu depois vejo isso» - respondeu-me. (??? - o quê???)

Enfim... fiquei com dois contratos na mão só com os meus dados pessoais preenchidos. Ainda quis acreditar que a tal da chefe o iria ajudar e que se houvesse alguma coisa (como era o caso) me ligaria.
Nada.
E eu esqueci o assunto.

Há cerca de uma semana recebi 3 sms da EDP onde constava que uma equipa técnica se iria deslocar a minha casa para "a intervenção requerida".
Como não pedi nada, supus que isto só podia ter a ver com qualquer coisa acerca do contrato e que era para verificarem se estava tudo bem com a minha instalação eléctrica.
Mas isso era simples demais! 
Isso não estava de acordo com as normas para me dificultarem a vida!


No dia marcado sabe-se lá por quem, lá apareceu o tal do técnico.
Tocou à porta, eu abri e ele disse-me: «pronto. É para fazer a alteração do contador bi-horário. É só para a senhora saber».
- «Alteração? Mas qual alteração?»
- «Então a senhora não pediu para alterar o ciclo horário*?» 
- «Eeeeeuu??? Não pedi coisa nenhuma! Nem quero!»
- «Bem, vamos lá conferir os dados...»
- «Sim, sou eu e essa é a minha morada! Mas eu não quero alterar nada!»
- «Pois, mas olhe... eu tenho que fazer a alteração. São as ordens que eu tenho»
- «Então mas se eu lhe estou a dizer que não quero! Não vai fazer alteração nenhuma que eu não quero!»
- «Pronto. Já está» - disse ele todo satisfeito. E acrescentou: «agora se quiser alterar outra vez, ligue para eles» - e foi-se embora escada abaixo. 

O contador está fora da minha casa, portanto o senhor achou-se cheio de liberdade para cumprir a sua ordem. Se eu quero ou se não quero, isso não lhe interessa nada. O que interessa é cumprir a tal da ordem. E cumpriu. 

Portanto, eu pago mas não bufo. 
Se agora decidirem tirar-me o contador por causa de uma outra ordem qualquer... aquilo que eu quero não interessa nada. Ordens são ordens.
Para além disso, gaste lá dinheirinho a fazer mais uma chamadinha e resolva o assunto se quiser. Se não quiser gastar tempo e dinheiro... temos pena.


Já sabe: se um desconhecido lhe oferecer um contrato ou uma alteração grátis seja do que for... isso não é Impulse. É uma ordem. 
E não refile. Você não manda nada. Pague e cale-se.




* Existem dois ciclos horários para quem tem este tipo de contador. Há as horas cheias e as de vazio. Estas últimas, obviamente referem-se às horas em que pagamos a electricidade mais barata. 
Há muitos anos (desde que estes contadores surgiram) que tenho o ciclo semanal, que é aquele que tem mais horas de vazio aos fins de semana. O outro é o ciclo diário, que é igual todos os dias, em que as horas de vazio são das 22h às 8h da manhã. 
Agora tenho este. Sem querer. Mas isso não interessa nada.





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