terça-feira, 17 de setembro de 2013

DIZER OU NÃO DIZER. HÁ ALGUMA QUESTÃO?


Estava no outro dia a falar com a minha vizinha...
Não, nenhuma das de agora, e sobre isso também hei-de aqui contar o que se passa no belo prédio onde moro, que até não é dos piores. Vale-nos sermos poucos. Mas isso fica para depois...

Portanto, como ia dizendo, estava a falar com a vizinha da minha mãe, que é mais do que a minha própria família. Eu fui ali criada. Os meus pais já ali viviam quando eu nasci e fiquei lá até aos meus 23 anos... 
Sobre esta vizinha também tenho uma e outra história, mas vão ficar também para depois... desculpem... assim também quem "me ler", fica com aquela curiosidade no ar, hummm... mas prometo que isto não é publicidade enganosa. As histórias são tantas, que como vêem, conforme vou escrevendo, vou-me lembrando de mais uma e outra e outra... 
Enfim... só espero ter tempo nesta vida para escrever tudo!

E lá vou eu outra vez: estava eu a falar com a minha vizinha de infância, quando ela me diz: " Tenho muito orgulho em ti! Vou rezar muito e vais ver que mais nada de mal te vai acontecer! És uma grande mãe!".

Pausa! 
Sabem, eu acho que não sou a única a dar por mim a pensar que não sou boa mãe, por isto e por aquilo, porque queria que tudo fosse diferente e eles não merecem... e por aí fora... enfim, muitas coisas mais, que quem me conhece sabe do que estou a falar... 

Ah claro, também hei-de falar um pouco sobre isso, não tenho problemas em explicar. Sabem porquê? Porque se há coisa que quero com este blog, é ajudar a que outras pessoas não cometam os mesmos erros que eu tenho feito. Sei que há sempre gente que vai ter diferentes opiniões, e que vai dizer que me estou a fazer de vítima, etc. 
Mas eu não tenho pena de mim, portanto, não tenham pena de mim também. Por favor!!! 

Se com isto eu ajudar uma pessoa a não cair nas mesmas ciladas do que eu, acreditem mesmo que fico mesmo contente. Mas mesmo, mesmo.
Não sou daquelas que acha que devemos passar por tudo e mais alguma coisa, porque "ah e tal, é para aprendermos!". Então e se aprendermos com os outros?... as outras pessoas? Não vale? Perdemos o jogo? Não. Não acredito nisso. Mesmo, mesmo.

E ora mais uma voltinha...
E continua a minha vizinha: "sim, és uma grande mãe, porque outras no teu lugar, já tinham fugido ou feito outras coisas! E sabes o que admiro? Tu não escondes a ninguém que tens dois filhos!"

Pronto. Na altura nem percebi muito bem aquela frase. Agradeci e despedi-me. 
Só depois é que me "caíu a moeda"! Não amigos, não sou loira... mas às vezes posso ter uns momentos lentos não?

Então quando a "moeda" foi para baixo, lá fui percebendo. Pois. Entendi então que o que a vizinha queria dizer, eram várias coisas: 
Sim, é verdade que já perdi oportunidades de emprego (mais uma história que hei-de contar!) por causa de ter dois filhos. E sim, os homens fogem de mim a sete pés, porque realmente não é fácil aturar os filhos dos outros, essa é que é essa... Aturar e outras coisas mais! Acho que toda a gente percebe o que quero dizer. Se não perceberem, por favor, estejam à vontade para perguntar que eu explico. 

Sim, a verdade é que eles (os rapazinhos armados em espertos) lá querer estar comigo, inicialmente querem... mas depois... ui... parecem foguetes!
Mas a verdade também, é que já sei disso e fartei-me de "arranjinhos" e "cafezinhos". E sim, faço questão de dizer que tenho dois filhos lindos e que tenho muito orgulho neles. Não só porque são meus filhos (como é óbvio), mas porque apesar de tudo o que têm passado (que acreditem, não é fácil), eles são educados com todas as pessoas e muito queridos pelos amigos e colegas, o que me dá uma grande alegria. 

Portanto, em primeiro lugar, não digo que às vezes não me apeteça ter alguém com quem partilhar a minha vida, mas cada vez se torna mais difícil porque me vou habituando a esta vida, sem ter que me preocupar com mais um. E principalmente sem ter que dar satisfações de onde vou, porque vou, a que horas vou, ou com quem vou. Ou a "pedir o favor" de adiantarem o jantar, apanharem a roupa da corda, ou outra coisa qualquer. 
Desculpem-me os homens se estou a ser injusta, mas a mim só me calhou disto, portanto é a ideia que tenho de vossemecês...

Sobre este tema, tenho também que revelar que já houve uma deputada conceituada na praça que disse à minha mãe a propósito da questão do trabalho: "Então mas porque é que ela não diz que não tem filhos?"... Eu nem quis acreditar que alguém que supostamente defende as mulheres me poderia sugerir tal coisa! Sinceramente até gosto dela e ainda continuo a admirá-la porque sei que é das poucas que trabalha muito, mas fiquei francamente desiludida... e é assim que vamos mesmo perdendo a fé naqueles que nos governam...

Por outro lado, também tenho uma amiga que a certa altura já tinha uma filha e que passava pelo mesmo que eu. Nenhum homem queria ter algo mais sério com ela. Então decidiu começar a esconder essa parte da sua vida. 
E na realidade conseguiu o que pretendia. Inicialmente ele não fazia ideia que ela já era mãe e ela, por sua vez, só lho contou no momento "certo". 
Estão juntos até hoje, já lá vão uns aninhos e pelo que parece está tudo muito bem e já têm um rebento dos dois. A mais velha chama pai ao padrasto, e adora-o, o que revela que afinal, tudo correu pelo melhor.

Eu... não digo desta água não beberei, mas isso para mim é praticamente impossível. Eu lá consigo estar num trabalho, onde passo a maior parte do tempo a ouvir falar de filhos ou de crianças e não falar dos meus? Não. 
Em relação a homens, isso então muito pior! Quem gostar de mim, gosta de quem eu sou, quem eu fui e da minha situação! Senão não me interessa minimamente! 

Temos pena, mas não consigo mentir sobre a parte principal da minha vida, que é o que me faz mover e nunca desistir! Ora bolas! 

Mas com franqueza... não tenho tido um bom "feedback" por dizer que tenho dois filhos.
Por isso quando constatarem que há alguém como eu, dêem-lhe valor. É que não é fácil. 

Atenção que não quero penas (nem de galinhas, nem de patos, nem de pardais...) e também não estou a recriminar ninguém. Se há coisa que bem aprendi foi a não julgar sem pelo menos sabermos a fundo a questão. E se mesmo assim tivermos tendência para recriminar... não o faço antes de fazer uma advertência à pessoa. Caramba, há gente que de fora vê muito melhor as situações e que pode ajudar alguém que afinal só está é perdido! Ok? 

Eu, cá para mim,  quero pensar que ainda há gente que nos pode aceitar como somos. Caso contrário, não vale a pena qualquer esforço. Muito menos deixar para trás algo tão importante na nossa vida! Pelo menos na minha! Filhos? São uma parte de nós!!!





2 comentários:

  1. Olá Ana...
    Já começa a ser um hábito muito agradável passar por aqui e ler o que tu tão bem escreves ,adoro a forma de te expressares (tens alegria nas palavras)...
    Gostei muito de ler a parte do "orgulho-me de ti" acho que é um reconhecimento vindo de alguém,como te referes "familia"muito gratificante "é um doce essa tua vizinha"...
    Quanto as experiências vividas com os "vossemecês" é um pouco triste mas tudo nos ensina e tu pareces ter aprendido muito ...
    Na parte que me toca de "vossemecês" te digo que nas duas experiências vividas ao longo dos meus recentes 42 anos tive duas "filhotas" emprestadas com ambas criei uns laços muito íntimos ao longo de ambas as experiências,foi uma sensação muito gratificante que embora não fossem "sangue do meu sangue" foram e sempre serão do meu coração e seguramente fiquei no delas pelos momentos muito bonitos que passamos ...
    Mas tenho a confessar foi muito doloroso que a vida obrigou a separação não por mim mas porque assim a vida o quis ...!
    Mas passando a frente ...
    És um mulher e uma mãe admirável e nunca deixes de ser a pessoa que és e a seu tempo se assim o destino quiser um "vossemecê" ainda te vai encontrar e completar-te...
    Beijinhos e uma noite encantadora para ti ...

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  2. Olá Paulo,

    Gostei muito do que escreveste. E mais uma vez, muito obrigada.
    Beijinhos!!!

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