sexta-feira, 8 de novembro de 2013

AS DUAS FACES "DA MOEDA"


Alguém me disse um dia: "É bom para ti. Assim andas mais a pé..." - depois de me ter espatifado o carro e me deixar "apeada" e com mais um problema.

Não meus amigos, não é bom deixar de ter carro quando se tem o encargo total de dois filhos, um pai doente, quando se trabalha e estuda ao mesmo tempo e família por perto... só temos estes entes queridos e a mãe. Mais ninguém. Nem irmãos, nem tios, nem primos, nem nada... E os "amigos" desaparecem como que por encanto... 

Hoje, passados mais de dois anos, já consigo ver o tal lado positivo da coisa. Não sei se o lado A ou B, mas é concerteza um deles. 

Mas isso não invalida que alguém me tenha partido um carro - o meu quarto carro desde os meus 18 anos, mas que me custou a comprar e a lá chegar (um "famoso" BMW, que tanta gente venera e anseia)... 

E também não invalida que me fez falta muitas vezes, quando no Inverno chovia "a potes" ou estava um frio "de rachar" e tinha que andar com duas crianças a pé. Sim, porque as crianças também saiem à rua! No mínimo dos mínimos têm que ir para a escola. 
... Andar de autocarro com um filho doente para ir ao médico, não é bom. Andar em transportes ou pagar 30 euros de táxi para ir com o pai doente (que mal pode andar e não tem carro) ao hospital, também não. Já para não falar das coisas que se deixam de fazer, como ir a uma festa, uma exposição, um jardim diferente com os filhos, por estarem a mais de 10 km. 

Não, nem sempre é bom andar a pé, principalmente quando se é obrigado. Se eu quiser andar a pé, eu ando. Mas sou eu que escolho. Não preciso que me partam um carro e me deixem assim, sem mais nem menos, como se nada tivesse acontecido... e ainda por cima que me apelidem de "psycho" (em português- maluca) por me sentir defraudada e enganada e querer ver a situação resolvida. Eu não ia no carro, não fui eu que o capotei por estupidez e mais outras coisas, ainda para mais com duas crianças lá dentro (filha dele e filho meu). 

Já calculo o que estão por aí a pensar: "então não emprestassses o carro! porque confiaste? porque deixaste? e porque não resolveste a situação?"
É fácil pensar assim e o meu instinto sempre me disse que era mau confiar tanto em alguém, mas isto é como outra coisa qualquer. Nunca pensamos que nos vai acontecer a nós. E eu amava tanto aquela pessoa, que estava cega de tanto amor que tinha em mim. 

A pessoa "aguentou" mais um mês e foi-se embora. Assim, sem mais nem menos. Nessa altura não fiz qualquer tipo de pressão, portanto isto levou-me a crer que afinal, o carro era mais importante. Sem aquele carro, eu já não valia a mesma coisa. Foi duro. Muito duro. E ainda mais duro, por essa pessoa tentar, ainda por cima, pôr as outras pessoas contra mim, dando a volta à questão, dizendo que eu era a tal "psycho", porque o procurava. Então? Deixava tudo assim, como se tratasse duma garrafa ou um copo partido?

Claro que a pessoa não fez de propósito. Acho que devem ser muito raros os casos em que alguém tem um acidente de propósito. É por isso que se chama "acidente". Mas a prevenção é necessária em tudo. Hoje em dia e desde há alguns largos anos, todos sabemos o que pode provocar um acidente e portanto, se não estamos em condições de conduzir, mais vale não o fazermos. Se sabemos que o excesso de velocidade pode matar e ainda por cima não vamos sozinhos... também.

 Bem... então e as tais coisas positivas, quais foram?
  • Desapeguei-me de andar tanto de carro, por tudo e por nada. É verdade. Eu abusava. 
  • Habituei-me a ir ao café em frente a casa
  • Comecei a conhecer melhor o comércio local
  • Apercebi-me dos falsos amigos
  • Ganhei novos amigos que gostam de mim pelo que sou e não pelo que tenho
  • Percebi quem realmente gosta de mim, quem se preocupa ("precisas de ir às compras? precisas de boleia?") e que são muito poucos, mas bons. 
  • Passei a rodear-me das pessoas com quem me identifico e que me fazem bem
  • Deixei as outras para trás - algumas beeeeeemmmmm lá para trás...
  • Poupei dinheiro em impostos e seguros 
  • Tinha menos uma preocupação: o carro está bem estacionado? onde é que o deixei? deixa lá espreitar a ver se está tudo ok....
  • Deixou de haver problemas com o estacionamento, multas, com a lavagem e limpeza, com o óleo, a água, os pneus e por aí fora...
Quando se tem mil e uma situações para resolver, até é bom não ter que pensar neste tipo de coisas, por momentos. Claro... por momentos... porque outros havia, em que a fúria se apoderava de mim, quando não podia ir a um hipermercado fazer compras, ou pelos motivos que já mencionei.

Agora, finalmente consigo ver para lá do mau... finalmente consigo ver o lado positivo do que aconteceu. A situação ainda não está resolvida e como tive que recentemente ir ver a viatura... fiz esta retrospectiva e decidi partilhá-la com quem a quisesse ler, para que possam saber que há sempre um lado positivo, seja A ou seja B. Mas há.

Nem tudo é mau, tudo depende da perspectiva...







É escolher: "copo meio cheio ou meio vazio?"


4 comentários:

  1. É bom seguir em frente....e os chaços que partilham o mesmo alcatrão....vão onde os os bólides vão! Mais devagar, mas vão!

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  2. Olá Ana ...
    Estou a adorar o visual do teu cantinho ...!
    Com respeito a ter carro,é de facto uma mais valia no nosso dia a dia ainda mais para uma pessoa como tu que pelas variadas razões que enumeras te faz sempre muita falta ...
    Mas também é mais que sabido em não havendo temos que nos adaptar não é nada fácil ...
    É bem verdade que nas horas que mais precisamos é que se vê os amigos ,partilho muito desse teu sentimento de que quando temos alguma coisas estamos rodeados e quando não temos passamos a esquecidos ,,,
    Mas pegando nas tuas palavras tem sempre algo de positivo a se retirar ...
    Beijinhos amiga ...

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  3. Olá Paulo! É verdade! Beijocas amigo!

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