terça-feira, 5 de novembro de 2013

MULHERES E HOMENS... MENINAS E MENINOS...



Faz hoje uma semana que participei num Seminário na Fundação Portuguesa das Comunicações, em Lisboa. 
O nome? SEMINÁRIO DE LIDERANÇA NO FEMININO -  CORAGEM PARA INOVAR.

O objectivo era debater a visão feminina sobre como construir o “Portugal 2020” em diversas áreas da sociedade.

Não, não. 
Não eram só mulheres, nem era nenhum grupo de feministas. Se há coisa de que não gosto é de extremismos, seja naquilo que for, fiquem já a saber...

Na verdade estavam muitos homens presentes, porque eles também têm uma palavra a dizer sobre isto... 
Eu também acredito que se queremos igualdade, devemos ter a perspectiva de homens, mulheres, de diferentes idades, diferentes estratos sociais, profissões, escolaridade.


Estivémos divididos em grupos de 8 pessoas, cada um deles a debater 8 temáticas, desde Tecnologia e Ciência ao Terceiro Sector e Solidariedade:

Não sei se já sabem ou viram... ou ouviram, que está a decorrer uma campanha que podem ver aqui: http://www.youtube.com/watch?v=9BR6iMfbp8M


ou aqui: http://sicnoticias.sapo.pt/pais/2013/10/21/campanha-nacional-de-igualdade-de-generos-arranca-na-segunda-feira


No meu grupo, após a visualização dos vídeos da campanha, alguém disse: "pfff... então mas isto é novo? Só agora descobriram que o homem também tem que fazer parte da vida doméstica e familiar e que há que partilhar tarefas? Isso já existe! As gerações mais novas já o fazem e já perceberam que tem de ser assim!".


Confesso que na altura lhe achei piada e até lhe dei razão. Segundo esta pessoa, só as gerações dos 50 anos para cima é que não fazem isto.

Naquele momento, lembrei-me do pai dos meus filhos, excelente cozinheiro, que até me ajudava nalgumas coisas (mas nunca limpou a casa de banho, por exemplo).

Já em casa, comecei a pensar melhor sobre o assunto e a verdade afinal, até não é bem essa!

Como é que eu me fui esquecer, que quando vivíamos na mesma casa... algo que ele fizesse me era atirado em cara como se me tivesse feito um favor? E até chegava ao cúmulo de negociar comigo ou mesmo fazer chantagem...
E se ele aspirasse a casa enquanto eu fazia outra coisa, primeiro eu tinha que solicitar a sua ajuda, com jeitinho...  
... Pois está claro! Ele até não pisava o mesmo chão!..

Enfim... não estou aqui para falar mal do rapaz. Não. Há limites e gosto de justiça. E verdade seja dita, que ele sabia fazer tudo, até coser meias ou fazer bainhas, porque viveu sozinho a partir dos 15 anos. 

Mas os homens são criados desta forma! E agora até as raparigas... e a mim me incluo. 

Eu era a miúda, magrinha, coitadinha, a menina, filha única, nem chateava nem nada... "para quê incomodá-la com essas coisas"?

E depois?... É o que se vê... e que também acabou por me acontecer: um inicio de vida bastante complicado por causa das tarefas da casa... e a conjugação com tudo o resto!
Óbvio que tudo isso se desvanece, se tivermos hipótese de ter uma empregada, ou mais que uma... Caso contrário, o inicio destes pequenos adultos é muito complicado. 
E os pais não entendem isto?
Não. Na geração deles, a grande maioria começou a trabalhar entre os 10 e os 14 anos e como é natural, não querem que os filhos façam "sacrifícios"... porque a eles custou-lhes bastante. E os pais de hoje têm medo de ser maus se mandarem os filhos fazer alguma coisa. 

Mais uma vez, esta é uma questão (para além das drogas e da sexualidade sem cuidados) que, quanto a mim, se deve combater desde a mais tenra idade... e por mim falo. Penso que seja por isso, aliás, que entram crianças nos spots publicitários desta campanha. E afinal, muito bem.


Mediante tudo isto, não sei se vou dizer algo de novo, mas apetece-me dizer... 

...porque posso e porque aqui falo do que me apetece

As crianças, sejam meninas ou meninos, devem desde cedo, habituar-se a duas coisas: a ver os pais ajudarem-se mutuamente de forma natural e elas próprias a ajudarem os pais nessas tarefas, sempre que seja algo válido para a sua idade. 


Convenhamos... nós vemos sempre os nossos filhos como "os bebés", mas a realidade é esta: eles crescem! E sabem... e compreendem... 

...e não lhes cai uma mãozinha se arrumarem os seus próprios brinquedos ou os tennis, ou se ajudarem a pôr a mesa, ou se puserem a sua própria roupa para lavar...
Não meus amigos, as mãozinhas ficam lá, bem como o resto do corpinho dos nossos queridos bebés.

"Ouçam": 

Como é que querem que em adultos, estas crianças façam alguma tarefa doméstica, de forma natural, sem que seja um sacrifício ou um favor? 

Ainda há pouco ouvi na TV uma mãe a dizer que ainda levava o leitinho à cama do seu menino, com 19 anos! A história é muito triste e lá me escorreram as lágrimas cara abaixo... Mas não vou falar sobre isso. O que quero dizer, é que este é apenas um exemplo do que ainda se passa no nosso país. 


Simmmm, tenho que dizer no nosso país... porque já vivi noutro e posso dizer-vos que achei extraordinário ver aquela "estranha forma de vida". Lá era normal os jovens saírem de casa dos pais a partir dos 18 anos, senão antes. (Eu saí com 19, mas era caso raro).


Simmmm, claro que sim... já sei já sei... a situação económica é diferente. Mas acreditem que não é por aí. Lá as pessoas preparam logo as crianças desde tenra idade a ter responsabilidades e a saber fazer as lides domésticas. 


Os jovens, claro que não gostam, mas mesmo por isso optam por... ter menos mobília e berlicoques em casa! Só têm o estritamente necessário. 

Ah!!! E só comem uma vez por dia! 
Simmmmm, uma refeição quente por dia. Ou almoçam ou jantam. De resto comem sandes e sopa. Lá, mesmo sem dificuldades financeiras, o normal é as crianças almoçarem na escola e à noite comerem uma sopa e uma ou duas sandes.
Um dia, a ama (belga) do meu filho ficou estupefacta por saber que nós almoçamos e jantamos! "Ai é? Vocês comem 2 vezes? Deixe... que já vou gozar (no bom sentido)com a minha amiga portuguesa"...
E olhem... não é que eles (os belgas) sobrevivem? Epá, sim! Na boa... 
E ainda mais outra: raramente saiem à noite para bares ou discotecas! Pois, vejam bem, como é possível? Em vez disso, é mais do que normal fazerem-se jantaradas em casa e passarem um serão no quentinho do lar - um dia em casa de um, outro dia em casa de outro! Cada um leva algo e faz-se a festa na mesma... Pois é. 
É que um cafezito "mal lavado" naquela terra já era 2 euros, há 4 anos atrás, última vez que lá estive. Só para terem uma ideia de valores... E não sei em que valor vão agora...

OK... mas agora os portugueses vão dizer-me: "pois, tá bem, tá bem... 
... mas os ordenados também são diferentes..."
Sim, posso dizer que na maioria sim. Mas se querem viver numa casa ou apartamento com as mínimas condições, as rendas não são nada em conta. Um T0 EM CONDIÇÕES (onde não chova) custa 400 euros + despesas, onde se inclui o condomínio, que também não é menos que 50 ou 60 euros... Atenção: eu disse T0 - de 30m2 - onde tem que caber uma cozinha, sala, quarto e wc, sim? Um T2 onde eu morava custava 800 euros + despesas. Um ordenado, tal como cá, é praticamente para a casa.

Ok. Também me dizem: são culturas diferentes, hábitos diferentes. Mas hoje não me parece que sejam assim hábitos tão maus, aqueles... poupa-se bastante e não faz mal à saúde, pelo que se constata. e praticam desporto e tudo!

E afinal para que serve esta nossa "Aldeia Global" se não for para aprendermos uns com os outros e "retirarmos" o melhor de cada um?... 

Vamos a outro ponto da questão: 

Eu estive dois anos a trabalhar e a estudar. De segunda a sexta-feira, saía de casa às 8h (ou às 7h quando entrava às 8.15h) e chegava por volta da meia-noite. 
Efectivamente... a minha casa só servia mesmo para dormir durante a semana. 
E então? Como é que eu fazia? Foram 2 anos duros, cansativos e os meus filhos passaram demasiado tempo com a avó...  (É bom ter avós por perto. Não é bom quando morrem e nós já temos noção disso, como aconteceu com os meus filhos na altura do falecimento do meu pai).

Mas digo demasiado tempo, porque a minha mãe faz parte da tal geração onde se lhe está entranhada a ideia de que os homens não podem fazer nada em casa. E imaginem que é tão grande o "entranhanço"... que sempre trabalhou e mesmo assim tinha que fazer tudo o resto. Pronto, vá... o meu pai fazia o jantar porque chegava mais cedo, porque gostava (e com razão- eu adorava a comida feita por ele) e quando estava bem disposto. Mas não esquecendo que, acima de tudo, aquilo era um favor... esta é a ideia plantada (sim, as raízes estão lá e a ideia cresce...) no cérebro de homens e mulheres. Estão todos formatados para isto. A minha mãe transmitiu o "vírus" aos netos.


Agora, porque fiquei sem trabalho fixo e acabei o curso, a situação com os meus "bebés" (9 e 12 anos) inverteu-se novamente. 

Agora a minha vida é como vos contei no meu post  "Vida nova, tudo ao contrário" ( já me estou a conseguir organizar melhor!). 

Ora bem... mas isto leva a que eu tenha que reeducar os "gaiatos"! 

Ah pois é! ... Habituaram-se a "NÃO MEXER UMA PALHA", pá! 
Até o leitinho... tem que ser levado ao quarto, tal como faz a maioria dos pais... porque senão ouve-se disto:"não bebi, ninguém mo trouxe!".
Eu ia levar o leitinho quando eles ainda eram pouco autónomos. Não sou nenhum bicho, ou já estavam para aí a pensar que mandava uma criança de 3 anos ir buscar o leite ao frigorífico, ou armário e desenrascar-se? Obviamente que não, ok?
Mas entendi que a partir do momento em que os meninos e meninas vão para a escola e querem tomar banho sozinhos "porque são capazes"... (e são- pelo menos os meus desde os 6 anos), então também são capazes de muitas outras coisas. 

Vamos lá ver: é assim que queremos que estas crianças, DE REPENTE, dum momento para o outro, só porque mudam de casa, só porque saiem de casa dos pais aos 30 anos, deixem de esperar pelo leitinho? 


Se forem viver sozinhos, que remédio têm... mas se forem com a namorada, ou com a mulher (casos cada vez mais raros estes da "mulher"), o normal será ficarem à espera que aquela figura feminina da casa, seja como a sua mãe e lhes leve o leitinho à cama, ao sofá, ou à secretária, enquanto eles estão no Facebook a falar com as "garinas" ou a jogar online com os amigos...


Eu AMO os meus filhos mais que tudo, mas por isso mesmo é que sei que se "não mexerem uma palha" agora, o vício torna-se problemático. E eu não pretendo que eles fiquem mal preparados para a vida. Quer venham a viver sozinhos ou acompanhados, têm que ser autónomos e têm que ir habituados a partilhar tarefas.  


E se nada for alterado desde tenra idade, as separações e os divórcios vão continuar a crescer, porque há uma característica nova que difere das gerações mais velhas: ninguém está para aturar ninguém

O que é grave, são as situações em que ficam muitos dos filhos, a ser um joguete nas mãos de alguns pais e mães e depois em adultos não aturam ninguém!... Se os pais não se
aturaram!...
Este é um dos motivos que leva as pessoas a desfazerem lares, e digo, porque sei -ouço desabafos e conheço vários casos. E essas pessoas nunca mais são as mesmas. A infelicidade instala-se. E não é isso que queremos para os nossos "bebés".
O divórcio ou a separação já não são "uma vergonha", e nalguns casos ainda bem, mas não o deveria ser em todos. Isto já é tão banal, que quando eu encontro colegas de escola da minha idade, a primeira frase é esta: "espera, espera... não me digas: já casaste, foste mãe e já estás divorciada."... 
Realmente... isto já não é novidade. Mas devia... (O conceito de família perdeu-se)

Novidades, novidades? Só no tal hipermercado... e até aí elas começam a escassear...

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